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Mostrando postagens com o rótulo minha história

Sendo quem se é

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  Somos uma família bastante peculiar. A gente se escreve. Além das lives diárias que unem três irmãos morando em cidades e estados diferentes, temos nossos desafios literários. O que começou com uma história de tesouro, avançou por lembranças e uma quase terapia onde a gente se revela de uma maneira muito sincera e bonita. Da live de sábado, saiu este texto que compartilho com vocês abaixo. E até por seguir o conselho da mana mais velha para que mais gente me conheça um pouco mais.     Enfim um dia de quase sol, mesmo entre nuvens. Cafezinho a postos, musica boa de fundo e reflexões sempre necessárias, principalmente em uma manhã de sábado. Então aí vamos nós. Quando vim para este mundo, abri os olhos em uma família já formada. Eram um quarteto. Eles se ensinavam uns aos outros. Como meus pais ficaram órfãos cedo, creio que construíram seus próprios modelos de pai e mãe. Se acertaram ou erraram, é coisa até sem importância porque eram seres humanos. Creio que procur...

Os choques

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  Enquanto iam para casa, ela notou que seu pai, cuja mão segurava, caminhava de passos trôpegos, o paralelepido da rua na então quase deserta praia de Xangri-la no litoral gaúcho, machucava seus pés. Ela era a filha caçula, devia ter uns cinco ou seis anos. Era um dia ventoso. Novembro. A sua família tinha ido passar o aniversário de casamento de seus pais na praia. A pequena casa de madeira mal dava para abrigar tanta gente. Lembra que sua mãe tinha feito um maiô diferente para ela. Naquela época se faziam essas coisas em casa. O mundo não era nem tecnológico, nem era tão fácil adquirir coisas. Havia muitas lojas de tecidos e costureiras. As roupas mais finas, os vestidos de baile de sua irmã, eram às vezes feitos por essas modistas que eram famosas na cidade onde moravam. Mas muitos eram feitos pela sua mãe. Quando perguntavam sobre a sua profissão, ela dizia doméstica com alguma vergonha. Nunca tinham deixado que trabalhasse fora. Não era de bom tom que jovens, que não precisa...

O colinho

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  Tem aqueles dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu, a gente estancou de repente, ou foi o mundo inteiro que parou…ouço a música ressoando em mim, nem sabendo se lembro direito a letra ou ela se confunde com um sentimento de melancolia.  Nesses dias de tudo cinza em que nem a mais vibrante mentalidade otimista consegue vislumbrar um traço de energia, é bom se lembrar de coisas que nos fazem bem. Nos dêem amparo, uma sensação de colo. Quando fazia biodança, há muitos anos atrás, se chamava dar continente este afago de afeto que traz o outro e acolhe em seus braços. Sem nem me dar conta, ou talvez dando, eu me fiz continente nestes dias cinzentos que passei faz pouco.  Tinha um pote de feijão congelado no congelador. Feijão congelado dando continente e colo? Sim, porque do feijão, fiz uma sopa, do jeitinho que a mãe fazia quando eu era pequena. Nos dias frios de inverno, na casa lá de cima do morro onde morávamos em Novo Hamburgo, naquela época em que eu e...

O nunca mais

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  Lembro da menina perplexa ao descobrir que as pessoas não duravam para sempre. Como assim, nunca mais pai e mãe? Era um pensamento tão absurdo e devastador que, por muitos anos, o sonho de viver em uma cidade deserta, onde as pessoas tinham evaporado, a acompanhou. Por estes privilégios da vida, o nunca mais a poupou por dezenas de anos. Perdeu a vó querida, é verdade, quando ainda era adolescente. Mas foi uma morte distante, poupada que foi da imagem fria do caixão que traz a realidade da despedida de forma mais bruta. Para ela ficaram a imagem, os cheiros, o colo da vó. Ainda hoje é isso que lembra quando se recorda dela. Perdeu tios que se foram mais cedo. Mas lembra que o primeiro impacto brutal foi quando a tia querida, irmã mais velha de sua mãe, se foi aos quase 90 anos. Vê-la em um caixão lhe trouxe uma tristeza tão profunda que lembra até hoje da roupa que usava. Um pensamento fugidio lhe veio à cabeça, ao lembrar que sua própria mãe tinha uma blusa igual. Pensou furtiva...

Portal do tempo em memórias afetivas

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  Os lugares onde moramos marcam memórias. Quando os revisitamos, mesmo que em tempos posteriores, é como se um pedacinho de ontem voltasse junto. Ontem estive em um lugar muito importante em minha memória afetiva.  Quando viemos morar em Porto Alegre era 1965. Saímos de Novo Hamburgo que, apesar de próxima à capital, tinha ares de cidade pequena no meu ver de criança. Porto Alegre era a cidade de prédios altos, mais imponentes! E onde era nossa nova casa? Justamente no coração do poder da cidade. Um edifício ao lado da Catedral Metropolitana.  Meu pai tinha se encantado com ele porque era térreo, quase uma casa. Mas como a rua ao lado é uma ladeira íngreme, nosso lar, que era de fundos, se transformava em um seguro segundo andar. Eram tempos em que as sacadas ficavam abertas e os pequenos como eu podiam brincar sós na praça. O edifício se chamava Vista Alegre. E fazia jus ao seu nome! Da sacada se podia ver o Rio Guaíba. E a imponente Catedral com suas torres imensas! Ai...

A boneca que espreguiçava

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  Estes tempos tive que escolher um objeto para relembrar a infância. Aos 65 anos, depois de várias mudanças de casas, cidades e até de estados, é difícil ter comigo objetos daqueles tempos. Mas tem uma que guardo. E levo onde for. Uma boneca que espreguiçava. Não é uma boneca de brincar. Aquelas eu demoli, cortando cabelos, pintando, dando injeções com canetas tinteiro. As que sobreviveram às artes infantis, foram doadas às sobrinhas e a quem as precisasse mais que eu. Menos a boneca que espreguiçava. Parecia uma bebê de verdade. O corpo molinho de fazenda, onde se encaixava o aparelho de corda que lhe dava um doce movimento, enquanto tocava uma canção de ninar. A gente girava a manivela e ela espreguiçava. Era pequena, com cabelos castanhos bem curtos, olhinhos miúdos e um ar de sorriso de criança satisfeita. Um vestidinho azul, com rendinhas, a tornava ainda mais delicada. Nunca teve nome. Era a boneca que espreguiçava. O que a tornava tão especial para mim? A minha vó. A minha ...

O título para votar

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Fiz meu primeiro título de eleitor em 1975. Morava em Brasília nesta época. Lembro da foto de cara séria, uma roupa esquisita. Uma cara mais rechonchuda. Tanto que anos depois, já em Porto Alegre, na primeira eleição eleição direta para governador desde a ditadura que se implantou em 1964 , o mesário me olhou, alguns quilos mais magra, exuberante em uma calça branca justa e de cabelos encrespados e me disse sério: não é tu ! Eu ri e jurei que era. E ele mais que rápido me soltou: mas tu melhorou bastante. Piadas machistas a parte, e nem a considero assim porque realmente estava bem melhor por dentro, o que se refletia por fora, meu titulo de eleitor começou a apresentar a sua utilidade plenamente mais de uma década depois, quando enfim pude (eu e mais milhões de brasileiros) votar enfim para presidente em eleição direta e já com dois turnos.   Como adoro pesquisar a história familiar, estes tempos deparei com o título de eleitor de meu avô alemão. Tinham todos os dados dele, i...

Minha mãe faz 97

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Minha faz 97.  Quando ela nasceu, a futura Rainha da Inglaterra ainda não tinha nascido. Seus pais, meus avós, se mudavam das Três Vendas e pararam em Cruz Alta. Viajavam de trem pelo interior do Rio Grande do Sul com toda a família. Uma árvore, plantada por meu avô, em uma praça local marcou o nascimento da menina loira e de olhar tímido que poucos anos mais tarde foi fotografada no colo de sua mãe, junto às suas irmãs. Moravam ainda em Porto Alegre. Logo se mudariam para o interior onde teve uma infância mágica com brincadeiras, descobertas, aprendizados de jardinagem e artes infantis. Uma infância feliz até os dez anos quando, já órfã de pai e mãe, perde suas referências e começa um tempo de sofrimentos.   Adolescente conhece aquele que seria seu companheiro de vida por mais de setenta anos. Meu pai. Namoraram por seis meses antes dela se mudar. Continuaram por cartas e longa distância até ela retornar e se casarem. Eram tempos de guerra mundial. Eram tempos de mocida...

Sou do tempo da internet de escada

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  Internet de escada era um meme que corria no twitter quando os jovens descobriram que a internet dos velhinhos como eu era discada. Não sei o quanto tem de piada ou se realmente era real. Não duvido porque tantas vezes ouvimos algo de passagem e assimilamos como sendo a versão mais verdadeira. A gente canta música com letra errada e jura que é a certa. Acha que é mal passado quando na verdade é amar o passado. Fala ditados sem entender a coerência até entender que cuspido e escarrado era esculpido em Carrara. A gente olha a juventude que erra uma coisa básica que vivemos e acha que é pura falta de informação esquecendo que o tempo sempre traz mudanças e que as versões estão aí mesmo para comprovar que tem até os que acreditam em Terra plana quando a gente achava esquisitice os que juravam que não houve pouso humano na Lua. Sou do tempo em que o máximo era mulher não ter peito e jogar fora o sutiã, que ainda um tempo atrás era chamado de corpinho e tinha bicos absurdos aponta...

Presente inusitado no dia dos namorados

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Uma cuia e uma pacote de erva mate. O presente mais inusitado que ganhei em um dia dos namorados. Essa história tinha começado uns meses antes. Recém formada em arquitetura, fui numa festa dessas de amigos de amigos. Aquelas que a gente só conhece uma ou duas pessoas. De repente um jovem. Moreno, olhos pretos, pilchado.  Pilchado é como chamamos quem está vestido com as indumentárias gaúchas. Bombachas, bota, sotaque fronteiriço, daqueles de com os "ês" bem pronunciados. Falante, apaixonante. Terminamos a noite com ele me levando para casa, de moto. Sem capacete. Nem lembro se eram obrigatórios no início dos anos 80. Do século passado.  Me deu dicas de como ser carona em moto. Tipo um baile, segue os movimentos de quem conduz. Perto de um túnel, me disse, com um sorriso matreiro: "Queria agora te dar um beijo, mas aprendi que ao se fazer duas coisas ao mesmo tempo, uma não se faz bem". Obviamente não eram duas coisas que se devia arriscar fazer mal: conduzir uma mot...

Gestação de Memórias - podcast de histórias das mulheres que me arquitetaram

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    Sempre tive um fascínio pelo passado.  É como se vozes ancestrais soprassem em meus ouvidos um apelo para que pesquise suas histórias, como que para levantar a poeira do esquecimento e as faça novamente viver. Estou envolvida em um projeto chamado  Gestação de Memórias  - História das mulheres que me arquitetaram.  Um desafio de contar a vida olhando essas avós, tias e mães que, com suas vidas anônimas, fizeram germinar sementes que somos nós, suas filhas, mulheres que levamos também nossas vidas da melhor maneira que podemos. Saber de nossas origens talvez não nos melhore, mas nos faz ter mais firmeza de outros pés que nos precederam. Suas histórias tão cheias de riquezas cotidianas me fazem pensar no que elas pensavam, quais histórias  e mistérios guardaram em seus corações e mentes? Quem são essas mulheres que nos chegaram em memórias, fotos desbotadas, recortes de datas e documentos. Não fosse por elas, não estaria eu aqui, dedilhando hist...

Tempo aos 65 do segundo tempo

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Tempo do passado Nasci em um século que se imaginava próspero . Herdava uma pandemia, duas grandes guerras, uma outra que não usava armas abertamente e por isso era chamada de fria. Um século que se ousava desbravar o espaço e imaginava o futuro com um ar de esperança onde a tecnologia livraria a humanidade do trabalho pesado e enfim, viveríamos para aproveitar a vida em divertimentos e enriquecimento cultural. Cresci em uma família emergente. Empobrecidos por circunstâncias da vida, meus pais tinham uma bagagem cultural que os impulsionava para sonhar com um futuro mais promissor. E amigos em um país que se vendia como acolhedor e aberto para quem tivesse as peças certas. No caso deles até podemos falar em meritocracia pessoal.  Fui a caçula de três filhos. Fui um projeto, na medida em que fui pedida por meus irmãos e pais até que minha mãe se rendesse à nova gravidez em já provecta idade. Tinha 32 anos e foi um escândalo que engravidasse naquela cidadezinha do interior do Rio Gr...

Eu e meus breus

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Nasci perplexidade Cresci curiosidade, busca de sentido dos meus breus conheço o abismo dos picos a luz me guia sobrevivo generosa Bethaniamente sentimento aflorante/ perseguinte/ emergente Nasci em um abril de um ano da década de cinquenta. Em um quarto de hospital de uma cidade do interior do meu estado. A parteira, meio doula, me amparou junto à minha mãe e meu pai, em um ambiente meio breu, com música. Assim emergi ao mundo. Os breus vieram junto de herança. Carências ancestrais que trago coladas nas células e memórias de gente que não conheci. Fruto de mulheres que sofreram e amaram, perfumes de vidas que se fizeram entre dores e amores. Clichês e sonhos. Breus. Cresci entre medos internos e impulsos de saídas. Luz e escuro. Sol e lua me contornam desde sempre. Meus grandes olhos pretos curiosos, observantes. Meus brinquedos, os teatros de enredos criados na minha cabeça. Meus silêncios, o enigma de quem me via e não me reconhecia. Nem eu o fazia. Amadureci entre sorrisos e lágrim...

Das ruas da minha infância

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Tão grandes as ruas da minha infância! Maiores por ser eu tão pequena. Eram seguras, convidativas para um caminhar, um brincar de amarelinha. Novo Hamburgo, uma cidade próxima à Porto Alegre, com ruas tão limpas que parecia não haver habitantes. Nossa casa, branca como as nuvens, ficava em cima de um morro. Nos verões escaldantes, faltava água. Íamos de sacolinhas, a pé, até o Clube Aliança. Piscina e o banho que, fora de casa, tomava ares de aventura. Anos mais tarde, fui passar um carnaval em Laguna/SC, na casa de um pescador. Eu e uma turma de jovens urbanos. Além do piolho, que pegamos na noite em colchões conjuntos, também a água faltava. O jeito era pegar um barquinho, atravessar as águas e ir tentar um banho no camping local, rezando para que nos confundissem com os barraqueiros de lá. Ou comprar um no barzinho simpático, cujo banheiro tinha uma janela enorme que dava para uma mata. Tomara não tivesse ninguém ali. Bons tempos em que o celular não tinha sido inventado, nem as...

Do pulsão de escrever

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  Gosto de escrever.  Desde pequena é minha forma predileta de comunicação. Podem imaginar que o início das redes sociais foram o paraíso para mim. Aliás, quem me conhece através delas, pode imaginar que habita em mim uma pessoa bem diferente da que se apresenta ao vivo e falante. Pouco falante. Não em valores, que esses são iguais. Mas na maneira de expressão. Feita a ressalva, volto ao ato de escrever. Venho de uma família e de um pai que nos incentivava e nos fazia sentir seres especiais. Ao mesmo tempo que fomentava nosso empenho em melhorar sempre. Boa lição de vida: trabalho e auto estima (obrigada, Pai!). Então ele elogiava muito o que eu escrevia. Obvio que me acreditava predestinada. Exatamente por isso, nunca me esforcei por aprimorar o ato da escrita. Era um talento nato, já me vinha por osmose, que deixasse o esforço para o que não dominava. Sempre fui assim (desculpa, Pai, não assimilei bem o teu ensinamento). O primeiro sinal veio de uma amiga que olhou meus poem...

A boneca que veio do céu

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  Meados de 1963. Morávamos no interior do Rio Grande do Sul, bem pertinho da capital, Porto Alegre. Meus pais eram jovens e dinâmicos. Nossa casa era linda, no alto de um morro, com um grande jardim e janelas altas como que para que ninguém olhasse para dentro dela. Só tinha um problema: não era nossa.  A vida da minha família, embora muito feliz, não era vivida sem economias. Meus pais eram órfãos quando se conheceram. Costumavam brincar que tinham juntado suas pobrezas em uma grande miséria. Brincadeira, é claro. Meu pai tinha um bom emprego. Mas também muitas pessoas para ajudar. A mãe viúva, sempre tinha um sobrinho ou mais morando conosco, colégios pagos e a sua velha convicção de que pagar aluguel era jogar dinheiro fora. Solução: construir uma casa sua. Solução que demandava esforço. Teve um período em que todas as despesas se juntaram, parecia não haver muita saída. Hora de decisões loucas, tipo: pior que está não vai ficar. Lá se foram os dois passar o aniversário de...

A saga de Doralice entre curas e revoluções

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Enquanto arrumava mais uma vez as malas para uma nova mudança, Doralice pensou nos anos em que passaram na Coxilha de São Sebastião. Casara cedo com o Doutor alemão, vontade de sua mãe e irmã, apostando que a jovem de 18 anos teria um futuro mais promissor do que com o  jovem namorado de então.  Saíram de Porto Alegre em 1917, com os dois filhos do Doutor, José Carlos (6), Silvio (4) e a sua pequena Lieta de meses. Já carregava outro filho, que nascera e pouco vivera. Paulo Altino foi batizado. No ano seguinte, nasceu Manoel Luiz, que viveu apenas cinco meses. A vida era cruel para crianças e adultos em tempos como aqueles. Ainda mais medo sentia quando o Doutor lhe falava naquela gripe que matava tanta gente. Ainda bem que tinham saído um pouco antes para vir parar naquele descampado. No início chorara muito, mas depois entendeu que tudo faz sentido nessa vida. As notícias sobre o   tão temido tipo de influenza, tinham sido mantidas sob censura em função da prime...

Eu tive um Pai

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Eu tive um pai.  Seu nome era Paulo. Para a menina que segurava a mão era Paizinto Eu tive um pai que deixava que eu fizesse tranças nos seus cabelos e lia gibis para mim. Eu tive um pai que me levava para passear e comer picolé enquanto o Papai Noel mamãe colocava os presentes na árvore. Digo para vocês que aquele passeio é das mais lindas recordações de Natal que tenho. Eu tive um pai que datilografava suas ideias, as que nunca tinha medo ou preguiça de lançar no seu trabalho, enquanto eu passava embaixo de sua mesa de trabalho. Eu tive um pai que abriu mundos e curiosidades. Eu tive um pai que era companheiro de comícios e carreatas. Eu tive um pai que era visionário e antevia o que ia acontecer em tecnologia. Eu tive um pai autodidata que me ensinou a pesquisar e não me contentar com respostas prontas. Eu tive um pai que me ensinou a pensar criticamente. Eu tive um pai que me ensinou a amar.  Eu tive um pai que exercia a democracia na prática em nossa casa. Ao mesmo t...