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Mostrando postagens de janeiro, 2018

Ela toda maresia

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Tinha gosto de mar. Ela toda maresia. Era daqueles verões de tempo escaldante, onde a linha do horizonte se confundia entre começo e fim. Como ela que se abria em dores, em rancores, em mal humores. Nem sempre fora assim. Teve um tempo de descobertas. Passou Olhou em torno e tudo parecia ter gosto de fermento estragado, desses que não vão fazer crescer o pão por mais que se sove. Dias ruins estes de sentir o peso do mundo. O corpo doía, a mente sofria. E ela se ria. Maldito senso de humor! Devia ter nascido mais vitoriana. Menos barroca. Que fosse, enfim. Urgia engolir aquelas lágrimas que teimavam em rolar. Gosto de sal. Menos mal que curtia salgados. Imagina se chorasse açúcar... Pensou em abrir a caixinha nova de pilulas que fazem esquecer mazelas. Mas seu lado mais trágico largou o gesto na metade. Que fosse até o fim com tudo o que tinha que sair. Que mergulhasse de vez no oceano que se abria, que afundasse em águas, em sargaços, em conchas e pérolas. Que virasse se

Cassandra e as partidas

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Nasceu com um dom na vida. Sabia definir com exatidão quem ia morrer em breve. E isso lá era coisa que se fizesse com uma alma frágil como a dela? Era como se as forças do universo resolvessem fazer uma brincadeira de péssimo humor. Podia ter nascido, sei lá, com a capacidade de prever algo mais ameno, quem vai casar com quem, qual o numero que vai sair na loteria, quem vai ser eleito. Uma coisa mais útil que rendesse pelo menos alguma fama, senão dinheiro. Mas não. Era uma Cassandra das desgraças. No começo achou estranho. O vizinho, tão distinto, viu num caixão. Olhou pela janela e em vez da figura que andava com dificuldade, já o viu inerte. Tudo bem pensou, era idoso e era meio esperado que batesse as botas logo. Nem chegou a falar para os outros. Depois se repetiu com algumas figuras públicas e ela achou que era coisa de quem tinha imaginação fértil. Ou agourenta. Mas foi quando viu a jovem adolescente, arrebentando de vida, em um esquife branco, que se assustou. Procuro

Os sinais do universo e a auto sabotagem

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Eu me saboto . Definitivamente eu sempre me auto saboto. Dizem que é uma forma de evitar algo que nos assusta.   ( Leia aqui sobre auto sabotagem ) Não é sempre e não é em tudo. Não era. Definitivamente (e quando a gente está meio que no fundo do poço tudo assume uma forma trágica e perene) estou em uma das piores fases de auto sabotagem. E reconhecendo esta má fase e não tendo ninguém mais a quem recorrer, rezei e pedi uma inspiração.  E um dos segredos de receber ajuda das forças energéticas é saber reconhecer as respostas nas entrelinhas. Só hoje já li uns três textos porrada, desses de dar soco falando verdades que não se quer ver. Restam dois caminhos: o da avestruz e do coitadismo. E o da reação.  A reação começa pelo auto conhecimento.  E foi nessa linha que fui tentar responder as perguntas da postagem do link acima que me pareceram interessantes O que está ganhando ao agir assim? Difícil  essa. Quando os "ganhos" são negativos a gente ten

Mudando a folhinha e recomeçando

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Era dia um do ano. Não deixava de pensar no velho clichê do livro em branco. Ou tela se quiserem ser mais modernos. Tudo a se fazer nessa magia dos simbolismos que nos dão novas chances. As velhas dores, os erros de ontem ficam guardados nas gavetas do escaninho. Memórias do que não se deve repetir. Rotulados. E esquecidos que estamos cansados de saber que vamos repetir sim. Vamos errar muito. Vamos sofrer de novo. E de novo. E mais uma vez. Como que para provar a nós mesmos que somos seres de carne/osso/lágrimas. Mas também vamos acertar. Trouxemos na bagagem a lembrança dos momentos delirantes. Dos sorrisos gostosos. Das conquistas. Do tanto que fizemos e nos acrescentou.  Sempre somos vitoriosos por chegar vivos. É como as maratonas. Tem os que correm para ganhar, uma minoria. Tem os que correm por correr. Todos vencedores por chegar na reta final. Uns mais inteiros. Outros mais "esgualepados". Talvez mais sábios fiquemos por saber que nada é para sem