Equilibrista de emoções
Eram horas de trotar pela vida pensou sorrateira no meio da tarde. Nublada tarde. Desses dias de nuvens encardidas e vento morno que dão nos nervos de quem tem alma sensível. Melhor rememorar momentos fugidios, olhar formas aleatórias, imaginar futuros possíveis ou apenas viver um presente inadiável. Esses dias de resmungar energias perdidas e sentir cada mínimo perímetro do corpo. Cada músculo. Cada pesada sensação de desconforto como se precisasse de massagens múltiplas para colocar um pouco em ordem. Ventava. Mas tinha calor. A roupa apertava. O peito apertava. A saudade ? Essa doía mesmo que saudade é bicha danada, não tem pejo nem decência. Poreja ausências. Nem tudo resmungos, é verdade. Tinham vontades enlouquecidas. Ou quase. Tinha risos desbragados, embora escondidos. Tinha raiva. Tinha medo. Mas tinha Vida que esta é chama poderosa e sinaliza feito farol mesmo nos dias enevoados. Tinha um otimismo pueril. Desses de brincar de faz de conta em noites de tempestade. Desses de