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Mostrando postagens de abril, 2023

Abrindo portais do medo

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Gosto de filmes e séries que tratem de universos paralelos. Gosto da ideia de portais que nos levem à novas realidades. Imagino como seria se eu pudesse viajar entre universos paralelos e conhecer outras versões de mim mesmo e do mundo. Será que eu seria mais feliz ou mais triste? Será que eu teria feito escolhas diferentes ou as mesmas? De repente me dou conta que ao abrir minha porta, todas as manhã, eu abro um portal de contato com outras realidades, tão próximas, tão longes. Cada janela que vejo da minha, abriga pessoas e seus universos. Cada pessoa é um mundo intenso e desconhecido. Para que ter medo se todos somos habitantes da mesma galáxia? O medo do contato pode ser a insegurança de se sentir aceito pelo diferente. A questão é: aceitar primeiro. Abrir o portal do conhecimento. Deixar as reservas do lado de dentro e ousar o mundo com o olhar da descoberta. Então percebo que não preciso de um portal mágico para explorar outras realidades. Só preciso sair da minha zona de confort

Bom dia, Tristeza

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Bom dia, tristeza Que tarde, tristeza Você veio hoje me ver Já estava ficando até meio triste De estar tanto tempo longe de você A canção de Adoniran Barbosa se mescla ao filme de dirigido por Otto Preminger. Os dois antigos. Do fim da década de 50. Eu também. A música tem versos de Vinicius de Moraes, o poetinha. Bom dia, Tristeza, digo eu. Sem melancolia porque a tristeza que me invade é daquelas de vida. Uma não alegria de ser. Nem sempre se consegue ser esfuziante. Há espaço na alma da gente para sentimentos de perdição, mesmo quando tudo está aparentemente bem. E talvez até por isso. Bom dia, tristeza. Venha devagar, mas não se adone de mim que minha casa não te pertence. Sinta-se visita. Daquelas que vem de tempos em tempos e nos lembram outros momentos e dá saudade. Saudade traz melancolia. Ás vezes uma melancolia bonita, tipo fado. Bom dia, Tristeza. Hoje nem sei o que dizer direito. Há um buraco no peito. Uma desvontade de sorrir e criar. Minha mente parece um novelo emaranhad

Os heróis de carne e osso são criaturas complexas

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Terminei de ver a série Transatlântico que trata do resgate de intelectuais alemães que viviam na França ocupada em 1940. Não conhecia a história e como sempre faço em qualquer filme ou série histórica, vou pesquisar. Minha técnica de aprender história. Entre a versão apresentada, que passa por adaptações de enredo, condensação de fatos e liberdades poéticas e artísticas, existe a realidade que também é complexa e passa por várias versões. Por isso gosto de ir atrás de dados e fatos. Resumindo sem spoilers (o único é que o nazismo foi derrotado, na época...) a série mostra o trabalho do Comitê de Resgate de Emergência chefiado por um jornalista e intelectual americano chamado Varian Fry .  Varian Fry Durante os 13 meses de Fry em Marselha, ele conseguiu resgatar 2.000 pessoas, incluindo uma lista escolhida a dedo das estrelas mais brilhantes da cultura europeia — Hannah Arendt, Marcel Duchamp, Marc Chagall, Max Ernst, Claude Lévi-Strauss e André Breton, para citar alguns. Até recentem

me reconstruo eternamente, andarilha pela vida que sou

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Enquanto caminho pelas ruas desertas do meu bairro, lembro que é domingo de Páscoa. Meu dia começou cedo, antes das seis. Gosto de acordar quase de madrugada, e nesta época de outono, ainda se pode ver o sol nascendo devagar no meio dos prédios. O céu mistura tons de azul escuro e um alaranjado bonito que depois vai esmaecendo. Hoje até levantei mais tarde porque tenho um certo medo de sair quando não há ninguém. Ou pouca gente. Algum caminhante apressado, muitos que dormem nos chãos, nessa terra tão sem oportunidades para tantos. Depois do café, da pedalada matinal na bicicleta parada de casa, das postagens nas redes, nos cuidados com a mãe, nesse desvio de função que assumimos quando nossos pais envelhecem, saio. Há poucos barulhos na rua. Diferente dos dias de semana, os domingos são ainda silenciosos nas manhãs preguiçosas. Moro perto de um parque famoso na cidade. Caminhantes como eu, corredores como nunca serei, briqueiros e gente montando as barracas onde vendem de tudo: de roup

Carta entre tempos

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carta de uma velha senhora para a  criança que um dia foi "Minha criança, minha última palavra Antes do mergulho no escuro Quero te dizer o que sei da vida O que vi, senti, pensei, sonhei" Peguei a caneta, me armei de inspiração, me olhei no espelho mal reconhecendo entre as rugas do meu rosto, a imagem daquela menina cheia de ideais que um dia fui. Talvez já não me reste muito tempo de vida, talvez nunca leias ou tenhas pressentido que um dia eu quisesse te responder. Sim, porque tu me indagavas. Desde pequena foste curiosa e continuaste sendo pela vida. Sinto em mim a necessidade de dizer a ti o que aprendi na minha caminhada. A vida é um mistério sem solução Um rio que corre sem parar Não há uma verdade, há muitas visões Não há um destino, há muitas opções Dentre as coisas que aprendi, a de que a vida é um mistério talvez seja a mais importante. A vida é movimento intenso. É ciclo de sensações, vontades, lutas entre o quero e o devo, é momentos de corrida. E muitos de desc

A Páscoa mais assustadora da vida de Joana

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A manhã era linda e cheia de uma luz imensa que se espraiava no campo cheio de flores da casa de Joana. Ela era uma menina curiosa, quase adolescente, que ainda curtia a doce magia das festas. Seus pais cultivavam essas tradições com carinho. Eram já mais velhos e Joana se perguntava quanto tempo ainda os teria consigo. Ela os adorava porque eram doces, curiosos e muito humanos. Joana tinham uma estranha sensação de ser tão diferente deles. Mas nunca parava para pensar no que este sentimento poderia significar. Quando algo lhe batia no peito, feito uma sensação de estranhamento e talvez saudade de algo que não lembrava, corria pelo campo a cantar com os pássaros e a observar o voo das borboletas. Neste domingo de Pascoa sentia que havia ainda mais mistério no ar. Como sempre fazia fuçou a casa atrás do ninho que era meticulosamente escondido desde sempre. Quando o achou não deixou de bater palmas e dar gritinhos de alegria. Era um ninho de palha com três ovos muitos grandes, embrulhad

Fábula da criação dos chatbots

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Como toda boa novidade, pelo menos quando o é para mim, estou testando a ferramenta BING IA, que interage com a gente de maneira mais completa que o Google. Particularmente gosto de pesquisar. Não me fixo nos primeiros resultados dos mecanismos de pesquisa, vou mais fundo, às vezes o que eu quero está num link de um artigo da terceira ou quarta página. Dá trabalho? Dá. Mas o que não dá trabalho nessa vida? Talvez pedir tudo pronto às novas ferramentas de interação que oferecem quase tudo de mão beijada. Mas... Obvio que há mas em toda história. Nem sempre os dados são tão corretos, os estilos de escrita nem sempre são fieis aos pedidos. Na verdade, é um enorme "nada se cria, tudo se copia e se reescreve" dos tempos modernos. E aí um dos perigos do exagero da coisa. A coisa são os chatbots. Chatbots são robôs que conversam com os usuários através de chats, usando linguagem natural ou não. Eles podem ter diferentes funções, como atender clientes, fornecer informações, vender