Queria ter uma epifania
Brasília - década de 70. Anos de chumbo da ditadura. Para nós anos dourados de uma vida com regalias. Meu pai costumava receber visita de religiosos mórmons. Além dos debates teológicos, ele curtia mesmo a oportunidade de falar inglês, especialmente com o americano. Uma dupla eles eram. Um brasileiro assessorado pelo mais graúdo, que viera da terra do Tio Sam. Aqueles dois de calça de terno, camisa branca de mangas curtas e gravata, eram recebidos em nossa casa com toda a fidalguia. Passado um tempo, o americano meio que achou que era hora de dar o bote e converter meu pai. Mal sabia que nem os padres e toda a tradição da igreja católica tinham conseguido vencer a retórica e lógica do menino que sempre questionou. E lá veio o argumento final e grandioso. Deus em pessoa aparecera para o gringo e lhe dissera que sua igreja era o caminho. Meu pai respondeu com toda a calma que achava aquilo muito lindo, que se Deus aparecesse para ele lhe dizendo isso, ele também ia acreditar. Mas at