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Mostrando postagens de setembro, 2019

Queria ter uma epifania

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Brasília - década de 70. Anos de chumbo da ditadura. Para nós anos dourados de uma vida com regalias. Meu pai costumava receber visita de religiosos mórmons. Além dos debates teológicos, ele curtia mesmo a oportunidade de falar inglês, especialmente com o americano. Uma dupla eles eram. Um brasileiro assessorado pelo mais graúdo, que viera da terra do Tio Sam. Aqueles dois de calça de terno, camisa branca de mangas curtas e gravata, eram recebidos em nossa casa com toda a fidalguia. Passado um tempo, o americano meio que achou que era hora de dar o bote e converter meu pai. Mal sabia que nem os padres e toda a tradição da igreja católica tinham conseguido vencer a retórica e lógica do menino que sempre questionou. E lá veio o argumento final e grandioso. Deus em pessoa aparecera para o gringo e lhe dissera que sua igreja era o caminho. Meu pai respondeu com toda a calma que achava aquilo muito lindo, que se Deus aparecesse para ele lhe dizendo isso, ele também ia acreditar. Mas at

Você está aí para mim?

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Como os casais mantêm uma forte conexão sexual a longo prazo?   Estou assistindo um TED Talk com a  educadora sexual,  Emily Nagoski onde ela resume uma pesquisa que tenta codificar o que mantém alguns casais com uma grande conexão sexual por toda a vida.  Sem muito papo porque quem lê, se for como eu, gosta de ir direto ao assunto, as pesquisas da Emily chegam a dois pontos básicos e comuns à esses casais:   Confiança (são melhores amigos) e Priorizam o sexo (arranjam tempo para ele). Gostei particularmente de uma frase que ela usou para descrever essa confiança: Saber que "Você está aí para mim". Não com interrogação, mas com certeza. Você está aí para mim quando me olha e sabe o tempo certo de insistir ou de esperar. Você está aí para mim quando me incentiva a ser o melhor eu que eu conseguir ser. E se não for, você está aí para me abraçar, para rir comigo das minhas bobagens, para aplaudir as conquistas, para me abraçar quando eu choro. E pa

Inocentes morrem. E nós com isso...

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Jovens correm por um campo e são abatidos por tiros. A câmera corre e vemos que se trata de um exercício de pontaria onde os alvos são humanos.  Por enquanto falo de ficção. Uma série que é baseada n o livro de Phillip K. Dick, chamado O Homem do Castelo Alto, ganhador do Hugo Award de melhor romance em 1962. Há quem diga que o  escritor, que inspirou Blade Runner, com o seu romance Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? , escrevia grande parte de suas obras sob efeito de metanfetamina. Na série de mesmo nome do livro o pano de fundo é uma suposição:  Como seria a realidade se  os nazistas e o império japonês tivessem ganho a segunda grande guerra? Um pouco mais além de um mundo alternativo, a série mostra como as pessoas se adaptam às realidades, mesmo as mais terríveis. Olhando com o filtro do tempo, custa-nos crer que multidões seguiam lideranças que hoje consideramos cruéis e sanguinárias.  Acompanhar histórias onde pessoas de bem, chefes de família amorosos, convivem

Veja só a minha inveja

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Invejo os poetas Ganas de quem Reinventa Brinca  Transforma realidades qual alquimista transmutante Eu não Eu migalha eu quebrada eu normal Poetas sabem metralhar horizontes sol poentes e nascentes com revolucionária comunhão Tenho inveja Veja Já Tenho Escuto mantras Pesquiso o passado leio mergulho bebo e nada Nado sem rumo sem inspiração as palavras são falsas a vida não faz sentido a energia burla de um non sense absoluto Tenho inveja dos que voam dos que combatem dos que  ainda sentem algum sentido em alguma coisa

A faceira Belmira

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Guria, mania de vestir logo as roupas que ganhou de presente! Parece a Vó Belmira! Perdi a conta de quantas vezes escutei essa frase de minha mãe, que deve ter ouvido da sua. Belmira era a bisavó materna que nunca conheci. A que se tornou meio cúmplice na faceirice de querer aproveitar os momentos agora e já. Teria nascido em abril essa vó que teve 13 filhos? Sei pouca coisa sobre Belmira Maria. Era Costa de sobrenome, pariu três homens e dez mulheres, seu pai se chamava Joaquim Ignácio da Costa e sua mãe Deolinda Maria da Conceição. Morou em Viamão porque aí registrou suas primeiras filhas.  Devia ser uma jovem faceira quando casou com o seu Crescêncio. O vô Crescêncio. Que era de Deus e Silva.  Terá sido feliz essa bisa que não conheci?  O que terá sentido quando seu marido revelou sinais do que os jornais definiram como neurastenia?     uma condição caracterizada especialmente por exaustão física e mental, geralmente acompanhada de sintomas associa

Sinônimos de alguma coisa que nem sei o que é

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Nevoso tempo em que cabeça não arde Enigmaticamente indecifrável Brumal de incoerências Nevoentas Impenetráveis Absurdamente insondáveis Brumaceiro medonho Cérebro confuso Imundo Catatônico Misterioso Até para mim que o habito ou ele a mim Obscuro  miúda água líquida cabala esfumada realidade Cadê o senso brusco Desassossego brumal Procuro nos sinônimos alguma parecença com a vida que se esvai Ficam palavras imersas Aflitas torturadas sem sentido Vai, vai fundo Vai buscar o encaixe traz de volta a ligeira sintonia que se perde eu me perco eu me desfaço eu me desencaixo eu que já não me reconheço mais

Mantra de Cura

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Uma luz dourada te inunda.  Sinto a energia radiante de cura e amor Enquanto o mantra me inunda de mansidão e solidão O universo gira as estrelas  as energias as águas de bençãos Prana Apana Sushumna Hari Hari Har Hari Har Hari Har Hari as forças da vida limpando as veias restaurando os sistemas liberando os canais para que as forças da vida se unam ao cosmos As cores lilás da elevação alcançam mistérios que a ciência não consegue os corações unidos em uma teia de amor percorrem distâncias entram nas correntes que mantem a saúde Quaisquer energias que estagnam a seiva se tornam impotentes frente ao poder da Cura Seres amados alados embalados repousam no céu das possibilidades O despertar de novos mundos o alvorecer de novas eras A crença no poder de renovar A matéria se une ao mistério O milagre surge da força poderosa do Amor

O dedo de Da Vinci

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o olhar matreiro fala de vida o dedo aponta os céus entre mares enluarados Salaí reina Deus Da Vinci aprontava quimeras tantas que não dava conta ideias mirabolantes ainda hoje imaginárias O dedo que aponta rumos mostrava caminhos incertos mundos que Leonardo via ninguém mais percebia E dá para perceber caminhos onde ninguém mais vê luz? Dá para abarcar o tanto de informação que a mente curiosa concebe? Difícil imaginar nesses dias de suprema especialização, alguém se debruçar sobre tanta coisa. Nós, mesmo os mais bem dotados de hoje, quando muito conseguimos tentar ter um olhar mais abrangente sobre os nossos afazeres. Mas logo nos sentimos compelidos a focar. Focar foi sempre uma palavra delimitante.  Focar também significa estreitar. E refinar o raio da visão sobre um problema ou situação, esquecendo muitas vezes que ela pode ter soluções além da lógica. Da nossa lógica de saberes. Mas e o dedo de Da Vinci. Esse me fascina. Vejo