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Mostrando postagens de maio, 2023

A carta de Maria

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  Maria era uma mulher independente e bem-sucedida. Formada em ciências sociais, dedicara sua vida à pesquisa e ao ensino, publicando livros e artigos sobre temas variados, desde política até cultura. Casara-se duas vezes. Destas uniões resultaram três filhos, que lhe deram cinco netos. Aos 55 anos, sentia-se realizada e feliz com sua trajetória. De repente a sua realidade mudou. Foi quando Pedro, um jovem jornalista de 40 anos que trabalhava como correspondente internacional na África, apareceu na sua vida. Eles se encontraram em uma conferência em Lisboa, onde Maria fora convidada a palestrar. Foi amor à primeira vista. Pedro era charmoso, inteligente e aventureiro. Maria se sentiu atraída por sua energia e seu espírito livre. Nunca sentira nada igual. Seus primeiros maridos tinham sido encantadores, bons companheiros, bons amigos. Mas além de um certo período de paixão, aquele arrepio na espinha tinha dado lugar a um bom companheirismo. Mesmo sendo um romance à distância, com troca

A nuvem

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  Andarilha levei torrões desconhecidos guardados nas memórias dos devires Fugi de conhecimentos e incongruências Procurei respostas onde só perguntas havia Abri portas inquietantes Por pura diversão e curiosidade A nuvem me guiando em sua inconstância fluída Na nuvem me escondendo Minha imaginação infantil imaginava poder voar para pega-la Agarrar em meus dedos pequenos toda a sua beleza misteriosa Cresci voando na quimera de alcançar a chave Até descobrir que ela sempre esteve dentro de mim E que as nuvens que tanto queria tocar Eram as criações de minha alma que expandia suas vontades

Os passos da guria

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A guria segue sua linha torta sem beiras,  muito menos eiras Sua memória desgastada  ressurge em lampejos de sol Caminhadas sob as árvores liberdade mesmo que por minutos As horas mormacentas teimam em correr em desbragada monotonia As batidas do seu coração giram no ritmo de fórmula um Seus passos parecem firmes nas folhas amarelas do chão E são Ela é firme Ela é rocha, mesmo que pulverizada por vezes Sua respiração ofegante mal se nota porque secreta Suas portas entreabertas revelando uma vontade de superar Seus medos aflorantes mas reconhecidos Sem origem revelada, mas já não importa Sua mente desdobra informações e sensações com a maestria de uma filosofa matemática Suas mãos enovelam liames ultrapassados quase submarinos de tão profundos Ela toda imensidão

Portal do tempo em memórias afetivas

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  Os lugares onde moramos marcam memórias. Quando os revisitamos, mesmo que em tempos posteriores, é como se um pedacinho de ontem voltasse junto. Ontem estive em um lugar muito importante em minha memória afetiva.  Quando viemos morar em Porto Alegre era 1965. Saímos de Novo Hamburgo que, apesar de próxima à capital, tinha ares de cidade pequena no meu ver de criança. Porto Alegre era a cidade de prédios altos, mais imponentes! E onde era nossa nova casa? Justamente no coração do poder da cidade. Um edifício ao lado da Catedral Metropolitana.  Meu pai tinha se encantado com ele porque era térreo, quase uma casa. Mas como a rua ao lado é uma ladeira íngreme, nosso lar, que era de fundos, se transformava em um seguro segundo andar. Eram tempos em que as sacadas ficavam abertas e os pequenos como eu podiam brincar sós na praça. O edifício se chamava Vista Alegre. E fazia jus ao seu nome! Da sacada se podia ver o Rio Guaíba. E a imponente Catedral com suas torres imensas! Ainda não estava

Como pesquisar dados de família para montar uma AG

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Desde muito cedo costumava pesquisar a história da família. Era daquelas gurias xeretas que alugam tias para perguntar sobre avôs, bisavôs e parentescos. Por sorte alguns desses questionamentos eu documentei de maneira bem simples, a mão e em papel manteiga, com cores para marcar as famílias. E guardei. Já contei que sou acumuladora , né... Embora não seja uma profissional da genealogia e nem pesquise em busca de cidadanias, reuni uma gama considerável de informações que me levaram a delinear um projeto pessoal de contar as histórias das mulheres da minha família. Chamei de Gestação de Memórias . Ele está em formato de e-book que já compartilhei com parentes. E recentemente fiz em formato podcast. O texto a seguir faz parte do posfácio de um possível livro que ainda gostaria de escrever, unindo as biografias familiares com alguns dados de época, local e histórias de mundo para situar onde e quando estas pessoas viveram. A história da contadora de histórias “... tem algum tanto na sua g