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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Não é melhor continuarmos imperfeitos?

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 A Nota Amarela e as impressões de leitora Antes que comecem a ler, já aviso que isso não é uma resenha sobre o excelente livro A Nota Amarela do Gustavo Czekster. São impressões de leitora. Em primeiro lugar devo dizer que sou super fã do Gustavo. Pessoa e escritor. Seus dois primeiros livros de contos me encheram a alma de leitora com deleites. Quando soube de seu primeiro romance, lá estava eu na fila de compras virtuais.  A Nota Amarela. Um desafio para quem cria. Talvez um desafio para todo ser humano. Aquilo que " se oculta na sequência das coisas e dentro de sim mesmo para assim trazer alento - e salvação a esse nosso mundo tão áspero ". Assim comecei a leitura, pela dedicatória, que sempre me toca. O livro impresso tem dessas magias de contato, de pegar, de sentir. Quase um ritual sensual de se apoderar das ideias e palavras que os autores lançam em suas obras e que, nós seus leitores, nos apossamos com volúpia. Ou desdém. Ou estranheza. Ou deslumbramento. Ou tudo iss

Do pulsão de escrever

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  Gosto de escrever.  Desde pequena é minha forma predileta de comunicação. Podem imaginar que o início das redes sociais foram o paraíso para mim. Aliás, quem me conhece através delas, pode imaginar que habita em mim uma pessoa bem diferente da que se apresenta ao vivo e falante. Pouco falante. Não em valores, que esses são iguais. Mas na maneira de expressão. Feita a ressalva, volto ao ato de escrever. Venho de uma família e de um pai que nos incentivava e nos fazia sentir seres especiais. Ao mesmo tempo que fomentava nosso empenho em melhorar sempre. Boa lição de vida: trabalho e auto estima (obrigada, Pai!). Então ele elogiava muito o que eu escrevia. Obvio que me acreditava predestinada. Exatamente por isso, nunca me esforcei por aprimorar o ato da escrita. Era um talento nato, já me vinha por osmose, que deixasse o esforço para o que não dominava. Sempre fui assim (desculpa, Pai, não assimilei bem o teu ensinamento). O primeiro sinal veio de uma amiga que olhou meus poemas e escr

Fui ver a Lua

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A Lua me fascina, eu que sou solar desde sempre. A ambiguidade entre a escuridão envolvente me carrega de viagens ao mistério. A poesia me envolve. Não é minha praia mais confortável, mas é nela que me encontro nos momentos mais intensos e é ela que me recarrega de energias de vida. A Eliana Ada me conquistou desde muito. Amiga dos tempos dos encontros de gateiras nos fotologs da vida, é dessas pessoas que ainda não conheço pessoalmente, mas que me mandou cartões a mão em plena era digital. É intensa e poeta. Militante e artesã. Amante dos animais e lutadora pelas causas sociais. Ambas amantes da lua. Nesse seu livro de poesias, encontro a vida através da Lua. São poemas de garra, são reflexões cotidianas, são pulsões de vida regidas pela dama prateada das noites e dias em que vivemos nossas vidas neste planeta terceiro que gira ao redor do sol.      Poesia para mim tem momento e ritual. Não é leitura de todo dia. E a cada vez que a leio, sinto de um jeito diferente. Tipo a Lua. Sempre

Janelas de minha alma

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Todo dia vejo o mundo através de minha janela. São os barulhos da manhã de segunda feira em pleno verão, onde um barquinho cruza as águas de um rio que talvez seja lago ou lagoa, não sei bem. Diferença do dia de ontem, onde o silêncio do domingo se fazia opressor. Gosto das segundas por isso. Tem coisa de vida que reinicia, tem cheiro de esperança. Esperança talvez tenha isso, ser a força que leva adiante, ser o que sinaliza que a vida continua. Apesar da dor. Apesar da ausência. Apesar do medo. Confesso. Já via a vida através das minhas janelas. Nunca fui das ruas, meu mundo interno é vasto. O contato social, nem tanto.  Talvez por isso, o isolamento não tenha sido tão forçado. Sei lidar com o ficar em casa.  Sei? Nem tanto. Outra confissão desses dias em que minhas certezas se esgotaram e só vivo deixando a "vida me levar". Hora de retesar os cordéis, empunhar os corcéis nessa rima pobre. A casa. Como eu, precisando de desapegos. Acúmulos de lembranças que trazem pó e não r

O Outro Lado da Ponte - leituras de 2021

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Voltei no tempo.  Penso que a leitura nos faz essa magia, é um portal onde mergulhamos e reencontramos passagens que nos marcaram. É o que senti lendo a novela que Vera Ione Molina escreveu no final da década de 90, deixou naquele limbo que os criadores reservam para suas obras enquanto não as consideram prontas para conviver com mais voragens. No ano surreal de 2020, que nos brindou com tantas reflexões, o livro afinal deixou de ser particular e veio para nós, leitores.  Enquanto escrevo e tomo mais um cafezinho, nesse início de 2021 em Porto Alegre, ouço Nico Nicolaiewsky cantando que assim quer lembrar de nós...é como se fizesse uma ponte para outras épocas, tão diferentes, tão parecidas, de uma época de inquietações políticas, afetivas, comportamentais. Uma época onde um vírus surgia e mudava comportamentos. Um mundo onde sentimentos e dúvidas individuais formavam intricadas (e simples) emaranhados de vidas cruzadas em uma ópera de incertezas. Li o livro de vereda. Senti vontade de