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Mostrando postagens de dezembro, 2021

A barbárie que nos rodeia

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" Essa canalha rebaixa a ética e a estética" Reinaldo Azevedo Citar o Tio Rei já mostra o tamanho do abismo a que cheguei em termos referenciais. Ele se referia ao filme "Não olhe para cima", uma sátira trágica e nada sutil ao negacionismo e incompetência reinantes no planeta. Em outros tempos, segundo ele, detestaria o filme. Hoje o considera necessário. Talvez repensar o que tantas pessoas, das mais diversas ideologias, que se matariam em debates algum tempo atrás, se unem hoje em clamor contra a barbárie que nos rondeia, nos faça acordar da letargia. Ter que debater eficácia de ciência, a necessidade de um estado laico e a completa desumanidade de práticas abjetas como tortura e exclusão social, só nos mostra que o abismo é profundo. Os sinais já vinham se revelando quando percebi que ironias precisavam ser assinaladas como tal. Não perceber ironias é um sintoma muito preocupante de falta de inteligência básica de civilidade. No meu entendimento. Não ter uma mín

Rescaldos de 2021

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Desde que comecei a fazer cursos de escrita criativa tenho escrito menos. Talvez tenha ficado mais crítica em relação aos meus textos, talvez já não sinta a mesma necessidade de catarse de me expressar através das palavras. Não sei, ainda me analisando. Este ano que finda foi (mais) um ano de análise e observação. Interna e externa. As vacinas, e a consequente diminuição da mortalidade na pandemia, me deram um pouco mais de alívio para me concentrar em leituras e cursos. Se 2020 foi um ano de música e séries, 2021 foi de reestruturação de energias. Entre perdas imensas pessoais e do mundo, emerjo diferente. Não há como encarar a perspectiva da tragédia e continuar igual.  Não fiz coisas grandiosas. Ajudei de modo formiguinha. Administrei ódios e rancores para que eles não fizessem de mim alguém tão odioso quanto os que abomino. Administrei carências ancestrais que me faziam mais idiota que a alma generosa que imaginava possuir. Me tornei mais a mulher de meia idade que teima em se enxe

Novas rotas rompendo estagnações

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  A verdadeira arte de viajar... A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando! Mário Quintana Rompendo com a estagnação me diz a carta do tarot. Tudo bem que é jogo virtual como tudo o que fazemos hoje. Viramos nós as nuvens que confundimos com as ânsias de vida que nos percorrem. Nossas perguntas, nossas respostas todas viram dados em números binários. Será que se entrecruzam com outros dados em um metaverso já que o nosso se tornou tão virulento? Romper com a estagnação diz a carta enquanto ouço a voz de Mario Quintana falando do desamparo do anjo Malaquias. A janela que enquadra o mundo já se torna prisão. Hora de romper com as estagnações, percorrer os mundos de fora. Olho o globo, o mundo é vasto. Lembro que vou fazer 65 anos em 2022. Qual melhor presente que me dar uma viagem? Q

Aprendiz de Eva

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Tem uma língua que eu falo ou que fala para/por mim em todas as línguas. E essa língua, eu sei, eu não preciso acessá-la, ela surge de mim, ela me inunda, ela é o leite do amor, o mel do meu inconsciente. A linguagem que as mulheres falam quando não tem ninguém por perto para corrigi-las. Hélène Cixous Que linguagem falam as mulheres? "Isso não é jeito de menina sentar" diz minha mãe de 96 anos, ao me ver sentada com aquele jeito que minha professora de Pilates recomenda nunca fazer, por outras razões. Agora achei fofo o que antes me incomodava.  Lembro de ser aquela guria quieta e questionadora interna das justezas do mundo. Não era moleca, não era princesa. Me incomodava ter um mundo aprendido como de menina, com regras, cores e deverias.  "Não senta assim, não ri assado. Não xinga, não pensa o mundo como casa, mas sim a casa como o mundo."  Por que repressões que meu irmão não tinha? Por que não um mesmo modo de ser e vivenciar os mundos, internos  e externos, co