Das agruras de sentir conforme a Lua
As vezes se perguntava o que era ser mulher. Era mais que vestir rosa quando pequena ou sangrar todo mês desde criança ainda. Era mais que os não devias e os devias, limiar muito estreito que ouvia e seguia desde que se entendia por gente. Era mais que abotoar uma blusa até em cima ou desabotoar de acordo com as circunstâncias. Era sem dúvida bem mais que ser bela em alguma etapa da vida e ser disponível para ajudar em outra. Lá no fundo do seu ser se sentia mulher. Nem em outra encarnação, se existisse isso, queria voltar sem ser fêmea. Das agruras de sentir conforme a Lua, isso ela entendia. Mesmo que não tivesse parido, mesmo que não tivesse um macho para chamar de seu, ela sabia. Que isso de nascer mulher não depende apenas de uma conjunção de combinações de óvulos e espermatozoides. Mulher se criava nas sombrias e luminosas veredas dos universo, sob arranjo de deusas e anjas aladas que ruminavam antigas rezas para que de quando em quando, se gerass...