Minhas tradições de Ano Novo
Na minha casa não lembro de grandes ceias de Ano Novo. Não tenho as recordações de infância como tenho as do Natal. Mas guardo algumas. Em especial uma que nunca podia faltar. A lentilha! Simbolo de prosperidade, talvez porque os grãos lembrem nossa relação atávica com a agricultura e tudo o que nos possibilitou formar uma sociedade gregária, a separação das lentilhas se revestia de um ritual de solenidade. Era como se fosse uma depuração do que era ruim, que não prestava para a colheita e ia fora. Assim como fazemos com o que nos aconteceu, com as mágoas, os sentimentos menos gostosos e aproveitáveis. Feita a separação, alguns dos grãos bons eram separados para as pessoas queridas e meticulosamente embrulhados em papel alumínio. As trouxinhas eram dadas ( e aguardadas!) com carinho. Iam para as carteiras, para garantir que sempre estivessem cheias. Ainda hoje os encontro ao remexer nos fundos delas. E acho que funcionavam porque sempre aparecia alguma verba extra quando se precis