O carnaval que quase acabou com o meu nascimento
O som metálico da aliança jogada longe soou como um trovão no piso da Praça Saldanha Marinho. Era fevereiro de 1944 e o carnaval ia começar naquela sexta feira, dia 18. Helena tinha esperado com ansiedade a vinda do seu noivo, Paulo. Haviam se conhecido cinco anos antes. Um cruzar de olhares e parecia que tudo tinha feito sentido. Mesmo os longos momentos de separação. Ele continuou a morar na sua Cachoeira do Sul, fez concurso para o Banco do Brasil. Ela tinha ido para Passo do Sobrado, Porto Alegre, navegado para a capital que ainda era no Rio de Janeiro. Sobreviveram à cartas censuradas, tanto para a família como para o governo que havia, enfim, aderido aos aliados na luta contra o eixo. Eram os tempos conflituosos da Segunda Grande Guerra. Na Europa, a luta corria sangrenta. Poucos sabiam das perseguições às minorias daquele governo alemão que usava a eugenia como política de promoção da melhoria da raça germânica. Aqui no Brasil os descendentes daqueles alemães, que