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Mostrando postagens de março, 2021

Das ruas da minha infância

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Tão grandes as ruas da minha infância! Maiores por ser eu tão pequena. Eram seguras, convidativas para um caminhar, um brincar de amarelinha. Novo Hamburgo, uma cidade próxima à Porto Alegre, com ruas tão limpas que parecia não haver habitantes. Nossa casa, branca como as nuvens, ficava em cima de um morro. Nos verões escaldantes, faltava água. Íamos de sacolinhas, a pé, até o Clube Aliança. Piscina e o banho que, fora de casa, tomava ares de aventura. Anos mais tarde, fui passar um carnaval em Laguna/SC, na casa de um pescador. Eu e uma turma de jovens urbanos. Além do piolho, que pegamos na noite em colchões conjuntos, também a água faltava. O jeito era pegar um barquinho, atravessar as águas e ir tentar um banho no camping local, rezando para que nos confundissem com os barraqueiros de lá. Ou comprar um no barzinho simpático, cujo banheiro tinha uma janela enorme que dava para uma mata. Tomara não tivesse ninguém ali. Bons tempos em que o celular não tinha sido inventado, nem as

Do ano que passou pela minha janela

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Num dia de março deixei de sair  Mundo virou uma série apocalíptica e distópica No início, solidariedade/aplausos nas janelas Resiliência posta à prova Cursos/lives/informação/ nunca a conexão fez tanto sentido Aniversários em zoom/Casamentos vistos na tela   Fotos da janela/pés ao sol Magnólias desabrochando na imaginação Máscaras onde antes batom e sorrisos Medo/medo/medo/medo das ruas, do vírus, dos zumbis, da ignorância/ medo das pessoas que achava conhecer Rotina se adaptando/liberdade é coisa de escolha humanos que somos/somos? De repente um ano/365 dias/ Horas, segundos, sensações.  Algumas de alívio, risadas e descoberta Outras de angústia O ano passou na minha janela passei/passamos/aguardamos Sorrimos/choramos/comemos/bebemos Num dia de março se foi um ano Quantos mais? Massacre/incompetência/negacionismo Hordas clamando por aglomerações em meio a uma pandemia  Economia, bradam! Espertos fossem, seguiriam os rumos da ciência quem o fez, abre suas portas e volta a crescer Quem