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Mostrando postagens de maio, 2015

Das saudades que ficam para sempre

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Tem aniversários que a gente não comemora. Partida, por exemplo. Aquelas que ninguém quer despedir.  Pessoa que a gente ama não devia ir embora nunca. Pai e mãe deviam ser eternos. Ficariam sempre cristalizados como aqueles seres fortes, nossos heróis eternos. Nosso ponto de apoio. Nosso porto seguro. Mas não. Se temos a sorte de tê-los junto com a gente por muitos e muitos anos, vamos passando a transição.  Eles vão perdendo a força física. Seus cabelos vão se indo, ou vão se tornando branquinhos como a neve. Suas mentes ágeis começam a falhar. Perdem memórias. Mas nunca o amor por nós. E o nosso por eles só cresce.  Viramos pais e mães deles. Apoiamos quem nos guiava. Talvez nem sempre com a mesma paciência. Não, nunca chegaremos a ser tão amorosos como foram conosco.  Um dia temos que dar o adeus. Ou o até breve. Vai lá se saber. Pode ser que um dia a gente se reencontre. Mas por agora, no hoje, no aqui, fica a saudade. Primeiro o estado de choque. A gente se imagina

Guria esquisita

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Desde pequena eu sempre fui meio aquela guria esquisita. Sabe como é? Não?  O que seria alguém esquisito? Esquisita Por Dicionário inFormal (SP) em 17-09-2013 1. Fora do comum, fora do padrão 2. Que é difícil de entender, complicado 3. Que apresenta um comportamento diferente do normal 4. Inoportuno 5. Excêntrico, extravagante " E se me achar esquisita, respeite também " O meu esquisito não é bem enquadrado em nenhuma dessas definições acima. Não sou fora do comum, muito antes pelo contrário. Não tenho um comportamento anormal. Também acho que não sou inoportuna nem extravagante.  Tudo bem, eu passei batido sobre o complicado. Talvez aí a minha esquisitice. Um jeito meio complicado de ver o mundo. Ou pelo menos de difícil entendimento por quem estava ao meu lado. Eu via as coisas diferentes. Não, eu não via coisas. Embora sentisse algumas vezes. Não era nada sobrenatural desse tipo. A realidade que para alguns era A. Ou B. Para mim era A,B,C, X, Y, Z ou nad

Não abro não

HMe deu uma saudade da oficina de versos em fogo. Poetar com as amigas sobre coisas que se fala não. Deixar a mente voar, não importa se nas coisas que se viveu, nas que se imaginou. Ou apenas naquela inspiração que vem da alma. Tudo bem, sei que não devia me atrever nas rimas.  Pensando bem, devia me atrever em tudo. Então que saia de mim  Não me vem com cara de neném De garoto pidão Não abro não Não importa seus amo-te Quando não quero Não tem senão Não abro não Tem dias que sim Pura vontade, precisão Tem outros que não Coisa de mulher Repare não As vezes nem contigo é Muitas sim Coisa de hormônio Vá lá se saber. Fêmea é animal esquisito Sangra com a lua Tem amuos Tem lassidão E tem dias que abre não Não é dor de cabeça Não é má vontade Talvez falta dela Talvez apenas  Outra coisa que se perca da vida  Coisa de mulher Não tem explicação.  (Elenara Leitao) 2015 - maio

Malamem

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O dia começava ligeiro. Café cheirando gostoso na cozinha, celular uatizapeando a mil. Noite bem dormida. Ufa! Ah quanto tempo isso não acontecia.... Insone de meses, talvez anos. Era nessas horas da madrugada que aquele medo ancestral vinha mais forte a lhe atormentar. O tal do Malamem. Não o conhecia nem sabia como era. Mas sabia bem do medo que sempre tivera dele. Bastava ouvir o seu nome para seu corpo vibrar, misto de pavor e curiosidade. Sempre o vira como um cara meio bexiguento, nem alto nem baixo, com cheiro de inverno. Talvez cheiro de vento cortante. E lá vento tem cheiro, menino? Deixa disso, fecha essa janela e vai dormir. Sempre ouvira essa milonga quando pequeno. Nas noites de lua cheia quando abria os vidros e procurava o talzinho. Tinha então aquela coragem que só habita os corações puros. No fundo pura bravata de menino criado para ser macho. Mas o que! Os anos passaram ligeiros. A vida lhe tomou de assalto. Aos poucos a antiga inocência de olhar o mundo de alma franc

Cadê as pessoas de verdade?

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Felizes, vencedores, atletas e inteligentes!  Céus, cadê as pessoas de verdade?  Me lembra aquela poesia de Fernando Pessoa, todos príncipes e princesas pela vida. Todos superando tudo, engolindo pequenezas, vomitando verdades.  Até eu aprendi a fórmula facebookiana de ser seguida e perseguida pelas curtidas da vida. Aparentar felicidade.  Mas não. Eu não sou sempre feliz. Não, eu não perdoo sempre.  Sim, eu sinto mágoas. Eu penso migalhas. Eu desejo males. Minha aparente tranquilidade esconde mundos de inquietações. Minha força que alguns insistem em ver é a impossibilidade de delegar para alguém. Resta enfrentar.  Minha mente é um turbilhão de pensamentos. Alguns bons, outros nem tanto. Sim, eu sei que existe gente em situação bem pior. E nem preciso me lembrar do Nepal ou da África. Aqui bem perto existe gente sem teto, sem comida. Sem saúde. Sem nada.  Sim, isso me serve de combustível para seguir. Mas esse seguir não significa que eu s

1957 - Grande safra e grandes memórias - (minha visão)

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Hospital Bruno Born- Lajeado -RS Nasci no Hospital Bruno Born em Lajeado , no estado do Rio Grande do Sul.  É uma das poucas coisas que sei sobre a cidade onde nasci. Minha família se mudou para lá, em função do trabalho de meu pai. Acho que já moravam na cidade há uns seis anos quando me encomendaram.  Assim vou tentar continuar com o desafio das 52 perguntas em 52 semanas falando o pouco que sei sobre Quando e onde você nasceu? Descreva sua casa, sua vizinhança e a cidade onde cresceu . Minha casa. Minha primeira casa. Meus pais construíram essa casinha simpática para a sua família de quatro pessoas. Eles e meus dois irmãos. E mais os primos que iam morar ali para estudar. As histórias da minha cidade natal conheço pelas lembranças deles. Nossa casa, hoje uma imobiliária (veja foto acima), em quase tudo permanece igual. Talvez sem a horta que minha mãe sempre fazia em suas casas. E cujas sobras, minha irmã mais velha vendia de porta em porta, já antevendo a futura empre