Das saudades que ficam para sempre
Tem aniversários que a gente não comemora. Partida, por exemplo. Aquelas que ninguém quer despedir. Pessoa que a gente ama não devia ir embora nunca. Pai e mãe deviam ser eternos. Ficariam sempre cristalizados como aqueles seres fortes, nossos heróis eternos. Nosso ponto de apoio. Nosso porto seguro. Mas não. Se temos a sorte de tê-los junto com a gente por muitos e muitos anos, vamos passando a transição. Eles vão perdendo a força física. Seus cabelos vão se indo, ou vão se tornando branquinhos como a neve. Suas mentes ágeis começam a falhar. Perdem memórias. Mas nunca o amor por nós. E o nosso por eles só cresce. Viramos pais e mães deles. Apoiamos quem nos guiava. Talvez nem sempre com a mesma paciência. Não, nunca chegaremos a ser tão amorosos como foram conosco. Um dia temos que dar o adeus. Ou o até breve. Vai lá se saber. Pode ser que um dia a gente se reencontre. Mas por agora, no hoje, no aqui, fica a saudade. Primeiro o estado de choque. A gente se imagina