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Mostrando postagens de julho, 2024

Moradas de todos nós II

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  A varanda de Betania Seu refúgio, a varanda ensolarada e cheia de plantas de Betania tornavam seu mundo mais ameno na capital. Recém-chegada do interior, trabalhava em um grande hospital como enfermeira. Suas noites em claro se traduziam em grandes olheiras e hematomas de batidas. Às vezes ao caminhar, algumas ao dirigir. Precisava do trabalho noturno para garantir a educação do pequeno Rafael, seu filho de dez anos, que morava com seus pais. Viúva aos 20 anos, teve que abandonar planos e sonhos e optar por uma profissão que lhe desse sustento. Foi vendedora, diarista e motorista enquanto fazia faculdade de enfermagem. Formada, conseguira o emprego naquele grande hospital da capital. Apartamento alugado, o único luxo era uma área de sacada que encheu de verdes e flores. Era um pedaço da natureza tão amada que trazia para o cinza da cidade. Era ali que sonhava, enquanto aguava suas plantas e ouvia suas canções. Ali os pássaros vinham cantar em profusão nas manhãs de suas chegada...

Bailarina bamba

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  Tinha 5 anos e chorava.  Lágrimas silenciosas  guardadas no baú dos encantos/espantos.  Colos ora de apoio e carinho,  ora de brincadeiras safadas despertavam breus que deviam ficar adormecidos. Apenas expectava. Corria/se escondia achavam O mundo lugar de sol e trevas Andava feito bailarina bamba  no limiar de um abismo que teimava em se esconder. Bailarina/boneca/marionete Olhar profundo alma angustiada Sábia e silente Aprendia a se proteger se esconder Nunca mais a acharam Olhos cansados fecham  sem força.  Talvez a carga do mundo despencando  faça afinal a sua volta derrubando convicções/defesas armadas sem reservas.  A vontade?  Pairar flutuando na imponderabilidade das nuvens. Morar na nuvem à direita da nimbus. Tempo é hoje, o átimo, o instante, logo irá se dissolver. Isso diziam os antigos. Não acreditava. O tempo é agora. E é infinito.