Inquietudes
Eu tinha olhos de girassol que giravam feito espigas em procura de uma luz que achava fora de mim. Eu tinha sedes de cachoeiras jorrando em desespero de buscas e arrojos nas enseadas da vida. Eu tinha ouvidos de barbatanas suspirando por músicas inaudíveis. Eu tinha vontades enluaradas de uivar em noites solitárias, desgarrada do bando. Eu tinha letargias de dias quentes, desses de mormaça que antecede tempestades. Eu tinha mordaças. Eu tinha em mim tanta coisa que era tesouro e resistência dessas de modos a jorrar combustível. Eu tive fogueiras ardentes de inquietudes Um dia fluí. Um mar sobre os pés um revolta sobre o ar um misto de medo e sobressalto um mundo inteiro a descobrir um mar de portas fechadas a naufragar um ar de visões oníricas de um porvir uma imaginação por fazer uma vida por erigir uma fome a inquietar uma glória por alcançar uma criança a gerar uma luta por conquistar adeus vida velha companheira quem sabe um dia o mistério desvendar