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Mostrando postagens de julho, 2019

Ansiedade nossa de cada dia, salvai-nos da barbárie

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Chove, venho de um encontro denso, cheio de conteúdo e ainda estou digerindo tudo o que ouvi. Não sei se vou assimilar como deveria. Não sou uma intelectual com a bagagem necessária para discorrer sobre assuntos complexos com a devida profundidade. Muito mais me aproximo das pessoas comuns que curtem ler mas de filosofia só conhecem leitura de almanaque e da vida só tecem considerações sobre minhas emoções e experiências. E inperiências. Aquilo que vivo para dentro sem a devida permissão de se expor à vida. Mais ou menos como pesquisas acadêmicas que lançam luzes sobre teorias, desconsiderando o mundo real.    Uma questão me fica. Há condições de ter cultura sem ansiedade?  Qual o papel da inquietação na construção de nossas certezas? Seria a entrada em seitas e grupos, aqui incluídas religiões e agrupamentos políticos, uma tentativa de viver certezas em tempos cada vez mais líquidos? A ansiedade é entendida como " um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pe

Caixa do nada - preciso urgente

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Estou aqui tentando me concentrar no que escrever no blog e mil interrupções ocorrem, justo no momento em que a minha mente flexível é mais ativa - pela manhã.  Vou tomar banho, acende a luz da criatividade e surgem as palavras. Saio do banheiro e já vem mil coisas que tomam minha atenção. Bingo! Quando sento para escrever, o branco se instala na mente e nem lembro mais qual o assunto principal, que dirá as brilhantes frases que o iam descrever. Lembrei então de um vídeo que circula pelos whatsapps da vida. Um pastor com nome de comentarista de futebol falando das diferenças entre os pensamentos feminino e masculino. Segundo ele, as mulheres pensam em várias caixas. Ao mesmo tempo. Caixas de hoje, ontem e amanhã se fundem com a velocidade de uma nave saindo da atmosfera e fazem o mesmo barulho infernal dentro das cabeças da gente. Já os homens pensariam em uma caixa por vez. Começam um assunto, terminam aquele antes de começar um novo. Isso explicaria muitos ruídos de comunica

Pensamento flexível, a chuva e o olhar

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Meu pensar anda rastreando entre o passado das séries que mostram viagens no tempo às recentes descobertas de como o cérebro funciona e como interage entre seus lados esquerdo e direito. Acabei de ler o Elástico, livro de Leonard Mlodinow e sobre "como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas". Assim dito parece mais um livro de auto ajuda. E não colocaria minha mão no fogo que não é. Acostumada a ler sobre criatividade e vivendo no Brasil que entrava e saía de crises com mais frequência que hoje se impicha presidentes, ai de quem não tivesse jogo de cintura. Havia até um dito popular de que os executivos brasileiros eram altamente valorizados no mundo exatamente porque pensavam fora da caixa. Ou a popular maneira de dar um jeito de fazer acontecer. E sobre isso tem uma frase deliciosa no livro, que teria sido dita pela mãe do autor e que, se nada mais tivesse de bom, já teria valido a pena a leitura:  "Quando existe vontade, sempre se dá um jeito"  

Minha mãe

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Minha mãe.  Uma mulher com sonhos. Com um brilho especial no olhar. Com uma veia poética que escrevia poesias para a lua. Uma mulher que fazia bolinhas de sabão no banho e cantava canções da infância que volta e meia me vem à lembrança. "Pedro Pereira Pinto! Pronto patrão! Pinto Pê na porta e no portão. Passo pelas ruas procurando um tal pintor pintando...." E a gente, pequena ainda, ria encantada com a ladainha. Uma mulher cheia de classe mas que falava palavrão na hora certa. Uma mulher que estourava sacos de papel só para assustar quem estivesse ao lado. Uma mulher que andava quase sempre de saltos altos e perfume. Uma mulher em tudo fascinante. Uma mulher que nos falava de uma infância mágica, com jogos de osso, banhos de sanga, quartos cheios de laranja e um pai em tudo maravilhoso. De sua mãe não tinha tantas lembranças. Uma mulher distante, que a deu para a irmã mais velha criar. Fez isso com o irmão mais novo também. Muitos anos depois fui descobrir porqu

Tio Highlander faz 90

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Era um 18 de julho de 1929 lá no Capivari quando avisaram às irmãs que a cigana tinha trazido um irmãozinho para a casa do Dr. Stein e sua esposa, Dora. Mais novo dos seis filhos do terceiro casamento do médico que chegou ainda criança da Alemanha, Claudio tinha ainda por parte de pai, dois irmãos, Silvio e Juca. A pequena Helena, de quatro anos, correu para a janela para tentar ver a cigana! A primeira das histórias sobre este tio que hoje faz 90 anos. Cresceu "lá fora". Lá Fora é como toda a família sempre chamou a região onde viveram. Era um paraíso de fartura e carinhos, com a casa gostosa, as comidas e os cuidados da Vicentina, uma espécie de babá que ajudava a criar os filhos do Doutor.  Um dia o Doutor se foi. Um pouco antes o irmão Silvio, com cerca de 20 anos, também morreu. Poucos anos depois foi a vez da Dora, uma jovem de 40 anos. A vida de delícias acabou. A família se dispersou. As irmãs mais velhas foram para longe. A Lia para o Rio. A Flávia est

Viagens no tempo

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Adoro filmes ou séries sobre viagens no tempo . Em pequena via O Túnel do Tempo . Uma série ainda em P&B onde o governo americano teria criado um mecanismo que possibilitava viagens pelo passado e futuro. Ainda sem apresentar resultados práticos, ia ser cortado em verbas quando um dos cientistas, mais afoito, resolve ser cobaia. Obvio que se perde e lá vai outro, mais responsável atrás dele. O mote é que se pode manda-los para cá e lá, mas sem saber onde vão parar. E nunca pode ser voltar ao presente (até porque aí ia acabar o programa). E mais obvio ainda que sempre conseguem chegar em momentos históricos, de preferência trágicos. Agora estou vendo outra série americana sobre o tema. Chama-se Timeless .  Demorei para ver porque achei um plágio da serie espanhola que adorei, chamada El Ministério del Tiempo . Similaridades: três viajantes passeiam por diversos períodos históricos e interagem com personalidades famosas de ontem. A comandante é uma historiadora,

O narciso, a vaidade e o pavão

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É uma manhã fria. Tudo parece normal, inclusive a cerração que fecha o tempo em uma manhã de quarta feira de inverno em Porto Alegre. Os carros passam, as pessoas correm. A vida segue. Uns morrem. Outros sobrevivem. E alguns poucos se movimentam sorrateiros em uma teia de maquinações que nem sempre se faz visível. Os narcisistas são assim. Estou ainda impactada pela leitura de um livro chamado Nenhum espelho reflete seu rosto que trata justamente de mostrar, em forma de romance, a atuação de uma pessoa com este tipo de transtorno. Mas se for pensar com calma, vivemos em uma época que incensa a bajulação como forma explícita de vida. Crescemos em busca de elogios. Manipulamos fotos. Postamos ações que poderiam (e deveriam na maior parte das vezes) ficar na esfera privada. Expomos nossa privacidade e vendemos nossas preferências em troca de coraçõezinhos e seguidores. Chegamos ao ponto de gritar incoerências para causar. E quanto mais causamos, mais comentários. Mes

Nenhum espelho reflete seu rosto - indicação de livro

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Uma leitura inquietante. Não pela escrita que é absolutamente leve e de fácil leitura, mas pelo assunto que mexe com aquele sentimento mais caro à maioria dos seres humanos: confiança.  A história de Nenhum espelho reflete seu rosto , romance de Rosângela Vieira Rocha , passa em um ambiente muito conhecido de todos nós: as redes sociais e o seu aparente meio de facilitar conhecimentos. A protagonista é uma mulher madura, profissional criativa e realizada. Uma joalheira. Helen conhece um homem interessante em uma rede. Conversam escudados pela cumplicidade de uma tela que traz o desconhecido para dentro de nossas casas e nossa intimidade. E aí começa o drama. Na verdade, quando começamos a leitura, Helen se encontra já em processo de recuperação do que apenas vislumbramos, mas ainda não sabemos de todo. Sabemos que deixou marcas. Profundas marcas. A í se deu meu primeiro engate pessoal com a história. Dizem que um livro se faz do que o autor imagina e também do que o leitor capt