No meio da tarde, olhando o por de sol cada dia mais belo, que via dia após dia, de sua janela, teve a lúcida certeza: tinha enlouquecido. A tênue linha de resiliência que a mantinha presa à realidade tinha-se rompido . Tantas vezes essa corda que imaginava como um elástico tinha ido e vindo que julgou que era eterna. Não era. Tudo aquilo que não se cuida acaba por definhar. Se é coisa, vai se roendo, se acabando, vira ruína. Se é gente, vai se apagando como luz em fim de espetáculo, e quando se vê não dá mais para brilhar o palco. A saída é tatear pelo escuro, ver se acha alguma área conhecida onde pousar o pé com segurança. Se bem me lembro, Clarissa Pinkola Éstes fala de um processo onde a mulher necessita de uma volta ao lar, de uma reaproximação de seu eu mais profundo. É na história da Pele de foca , pele de alma onde ela narra como se perde o contato com o seu tesouro interno, aquilo que nos torna nós e como a saúde sagrada nos grita que precisamos reencontra-lo para não ...