As fogueiras da infância
Lá fora crepitava o fogo na noite gelada de junho. Dentro de casa a animação também era calorosa. A ampla mesa da cozinha se tornava pequena frente à animação das gurias. Primas e adolescentes se esmeravam em sortilégios, os mais criativos, na ânsia de saber mais sobre seus futuros e amores. Era década de sessenta. E lá, como aqui, as noites de festas juninas eram motivo para se falar dos amores e prováveis namorados. Ficantes era palavra absolutamente proibida e desconhecida. Pelo menos na frente dos pais e tios que a tudo assistiam sem muita atenção. Falavam de política e dos novos rumos do país com aquele presidente da vassoura. O que ia acabar enfim com a corrupção. As mães e tias se ocupavam dos doces e comedorias. E do quentão que cheirava forte na sua mistura de álcool e canela. Era frio. Mas nem se ligava. Lá fora os guris, dos mais novos de olhares arregalados aos mais velhos, já de olhares moles para as meninas da casa, todos se ocupavam das festas de São João. O páte