Nuvens são poesia no ar
Para descrever as nuvens eu necessitaria ser muito rápida — numa fração de segundo deixam de ser estas, tornam-se outras. É próprio delas não se repetir nunca nas formas, matizes, poses e composição. Sem o peso de nenhuma lembrança flutuam sem esforço sobre os fatos. Wisława Szymborska Gosto de olhar nuvens. Nunca são as mesmas, ficam brincando de fazer bale no céu. Há até um fenômeno chamado de Pareidolia, que faz com que nosso cérebro tenda a reconhecer imagens familiares em formas. Meu pai tinha muito disso, nos seus últimos anos. Sua mente brilhante e analítica tentava fazer sentido em uma vida que lhe fugia em esquecimentos e perdas da autonomia que sempre lhe foram tão caras. Tem nome para isso também: Heteronomias. Olhando bem, deve ter nomes para tudo na língua portuguesa. Pena que a estamos simplificando tanto que nos comunicamos por hieróglifos modernos. Carinhas que simbolizam alegria, espanto, tristeza. Nem se precisa de muitas, tão líquida está nossa vida. Talvez sem signi