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Mostrando postagens de agosto, 2020

doar sorrisos não tem preço

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Tinha vinte anos e sorria Do que sorria a menina de vinte anos? vinte anos é tempo de sorrir mesmo  diriam uns e outros Outros que nem conheciam a vida de verdade dessas que se vive à margem dos cartões de crédito e da facilidade de pagar com um toque nas amazons da vida A menina crescia rápido mulher em tempos inglórios já nasce velha mal tem peito ou antes disso já foge de olhares cobiçosos nem sempre a tempo às vezes a luxúria vem antes da boneca às vezes a semente cresce nela antes de desabrochar mas mesmo assim sorria a moça com seus vintes anos tinha por dentro uma felicidade clandestina  como daquela  outra moça,  exilada de sua pátria, casada com diplomata/ separada/ escritora  Leu algumas de suas frases nas redes sociais nem todas verdadeiras as dela também não Nem tudo o que se sorri é fato versão é mais divertida Moça vivida diziam dela sorria ainda mais que vale nessa vida refugiada é ter dentes para sorrir e vida para lembrar mesmo que corram lágrimas rios, comportas, laba

Julieta Silva Couto, a doce matriarca

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  Canceriana, nasceu em 06 de julho de 1882. Talvez a influência astrológica explique uma mulher que foi ao mesmo tempo a frente de sua época e coerente com os seus costumes, mantendo a doçura. Não conheci pessoalmente a Tia Julieta, mas ouvi tanto sobre ela que é como se a tivesse conhecido desde sempre. Era a mais velha das irmãs de minha avó Doralice . Seus pais, Crescêncio e Belmira, casaram em Viamão, Rio Grande do Sul, em 23 de novembro de 1878 . Creio que já tinham um filho quando nasceu Julieta. Casou com o viúvo pelotense Tito de Paula Couto, 24 anos mais velho, e com três filhas: Altiva, cujo apelido era Tivoca, Dalny, também chamada de Didi, e Bernarda. Tito era um grande capitalista da época, com inúmeros negócios, entre eles a exportação de banha. Homem de grandes posses e com possibilidades de ter um patrimônio considerável. Entre eles uma chácara em Teresópolis e, segundo o neto Fernando, um palacete na Rua da República, 547, em Porto Alegre com dois andares, vários qua

A saga de Doralice entre curas e revoluções

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Enquanto arrumava mais uma vez as malas para uma nova mudança, Doralice pensou nos anos em que passaram na Coxilha de São Sebastião. Casara cedo com o Doutor alemão, vontade de sua mãe e irmã, apostando que a jovem de 18 anos teria um futuro mais promissor do que com o  jovem namorado de então.  Saíram de Porto Alegre em 1917, com os dois filhos do Doutor, José Carlos (6), Silvio (4) e a sua pequena Lieta de meses. Já carregava outro filho, que nascera e pouco vivera. Paulo Altino foi batizado. No ano seguinte, nasceu Manoel Luiz, que viveu apenas cinco meses. A vida era cruel para crianças e adultos em tempos como aqueles. Ainda mais medo sentia quando o Doutor lhe falava naquela gripe que matava tanta gente. Ainda bem que tinham saído um pouco antes para vir parar naquele descampado. No início chorara muito, mas depois entendeu que tudo faz sentido nessa vida. As notícias sobre o   tão temido tipo de influenza, tinham sido mantidas sob censura em função da primeira guerra mundial.

fairy tale

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  três cavaleiros inquietos entrantes pela madrugada curiosos com seus corcéis audaciosos em seus cordéis cinco donzelas solitárias orando pela salvação mirantes no coração suspirosas em seus dosséis contas que não se fecham homens procurantes mulheres solicitantes universo gira e rola de alguma maneira conforma sempre surgem sete andarilhos com seus pés calejados mentes delirantes que roubam os encantos das donzelas instigantes

meu pai descascava laranja em gomos

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Meu pai descascava laranjas como se fossem bergamotas.  Parece que vejo suas mãos de dedos longos, unhas nem sempre rentes, rasgando a casca grossa e transformando a fruta em uma nudez delicada. Tirava ainda todos os pedacinhos brancos e me dava, gomo por gomo. Tinha um sabor que nenhuma outra laranja conseguiu ter. Não tenho essa paciência. Aliás detesto até descascar bergamotas. Embora adore come-las.  Aqui em casa sempre fomos gentis uns com os outros. O maior desaforo não era dado com palavras ásperas. Nunca! Era um ir na cozinha e voltar sem um copo de água também para o outro. Se nem perguntasse então, era caso de declaração de guerra. Sempre burilamos a gentileza como hábito diário. Bom dia, obrigada, por favor ou o por obséquio de meu pai, eram termos obrigatórios e correntes do vocabulário. Delicadeza era prato feito, hábito cotidiano tão arraigado que acho que já nascemos sorrindo e agradecendo à parteira.  Acordava cedo pela manhã, meu pai fazia o café antes do trabalho. Min

Eu tive um Pai

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Eu tive um pai.  Seu nome era Paulo. Para a menina que segurava a mão era Paizinto Eu tive um pai que deixava que eu fizesse tranças nos seus cabelos e lia gibis para mim. Eu tive um pai que me levava para passear e comer picolé enquanto o Papai Noel mamãe colocava os presentes na árvore. Digo para vocês que aquele passeio é das mais lindas recordações de Natal que tenho. Eu tive um pai que datilografava suas ideias, as que nunca tinha medo ou preguiça de lançar no seu trabalho, enquanto eu passava embaixo de sua mesa de trabalho. Eu tive um pai que abriu mundos e curiosidades. Eu tive um pai que era companheiro de comícios e carreatas. Eu tive um pai que era visionário e antevia o que ia acontecer em tecnologia. Eu tive um pai autodidata que me ensinou a pesquisar e não me contentar com respostas prontas. Eu tive um pai que me ensinou a pensar criticamente. Eu tive um pai que me ensinou a amar.  Eu tive um pai que exercia a democracia na prática em nossa casa. Ao mesmo tempo nos ensin

a moça e seus mistérios

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Eram sete gatos pardos Paridos em noite de lua cheia Riscando telhados de zinco Suas unhas entranhadas na madrugada Eram sete vaga-lumes errantes Libertos do vidro transparente Voejando em noites sem luz Eram quatro peixes mourejantes Vindos de águas turbulentas Cansados e arquejantes Como reinos dissolutos Todos e nenhum  Cada um de um reino Foram mortos na fogueira Feita de sarças moribundas Sobreviveu a moça  Que  naufragou na viagem Em busca do seu tempo perdido De cada um e a seu tempo Foi recolhendo pedaços  Dos gatos trouxe o orgulho de dengo Dos vaga-lumes, a leve dança da luz Dos peixes trouxe a certeza das marés Do fogo sobrou a rebelião que tudo transforma A moça  Ela sorriu E seguiu Destino nenhum Mergulhou atrás da espada Na lagoa enluarada Dizem os magos Que é vista uivando Em desbragada correria  Outros que emerge de repente Arrastando quem se arrisca A verdade é  Que gatos, vaga-lumes, peixes e labaredas Amanhecem cantando A moça e seus mistérios 

Entre mantras e angústias, sigo na pandemia

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Nasci zen. Dito isso aviso que finalmente consegui meditar serenamente, ou quase, por três semanas. Não necessariamente todo dia. Não por desejo meu, que estou em fase de, se possível, me elevar tanto que saia flutuando e alcance a iluminação em outros universos paralelos, tipo na série O Homem do Castelo Alto.  Sim, também tenho me entupido de séries de ficção sobre mundos alternativos, outras vidas, viagens no tempo e tudo o que possa me levar para longe de uma realidade que não suporto mais.  Uma amiga muito querida me convidou, não foi a primeira, mas talvez fosse o momento. Eis-me então aqui tentando me conectar com o aqui e afora. Era agora, mas o corretor mudou talvez acertadamente para afora porque o entorno teima em rondar a mente da meditante neófita aqui.  Pior que os sons e sensações, são os deverias que enchem a cabeça e impedem a entrega. Gosto particularmente do Deeepak Chopra. Já li muitos de seus livros e tenho o das Setes Leis espirituais do sucesso. Já li, reli e fiz

mate TE máticas

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Nove pontes sem retorno Nove mãos sem rumo Nove vezes de vereda Nove naves perigosas Nove teias de encantos Nove retalhos no lixo Nove esperanças fugitivos Nove vozes maltratadas Nove rotas sem volta Nove encontros sem destino Noves fora sem retorno Nunca fora boa em números exatos  Mil vezes as nuvens sem forma Mil vezes o vazio infinito Mil vezes o abismo abrupto Mil vezes a coisa que não se explica Mil vezes o recomeço  Mil vezes a promessa não  cumprida Mil vezes a alma  corrompida Mil vezes a vida vivida Mil vezes tu Noves fora eu A soma é