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Mostrando postagens de setembro, 2022

O título para votar

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Fiz meu primeiro título de eleitor em 1975. Morava em Brasília nesta época. Lembro da foto de cara séria, uma roupa esquisita. Uma cara mais rechonchuda. Tanto que anos depois, já em Porto Alegre, na primeira eleição eleição direta para governador desde a ditadura que se implantou em 1964 , o mesário me olhou, alguns quilos mais magra, exuberante em uma calça branca justa e de cabelos encrespados e me disse sério: não é tu ! Eu ri e jurei que era. E ele mais que rápido me soltou: mas tu melhorou bastante. Piadas machistas a parte, e nem a considero assim porque realmente estava bem melhor por dentro, o que se refletia por fora, meu titulo de eleitor começou a apresentar a sua utilidade plenamente mais de uma década depois, quando enfim pude (eu e mais milhões de brasileiros) votar enfim para presidente em eleição direta e já com dois turnos.   Como adoro pesquisar a história familiar, estes tempos deparei com o título de eleitor de meu avô alemão. Tinham todos os dados dele, inclusive

Minha mãe faz 97

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Minha faz 97.  Quando ela nasceu, a futura Rainha da Inglaterra ainda não tinha nascido. Seus pais, meus avós, se mudavam das Três Vendas e pararam em Cruz Alta. Viajavam de trem pelo interior do Rio Grande do Sul com toda a família. Uma árvore, plantada por meu avô, em uma praça local marcou o nascimento da menina loira e de olhar tímido que poucos anos mais tarde foi fotografada no colo de sua mãe, junto às suas irmãs. Moravam ainda em Porto Alegre. Logo se mudariam para o interior onde teve uma infância mágica com brincadeiras, descobertas, aprendizados de jardinagem e artes infantis. Uma infância feliz até os dez anos quando, já órfã de pai e mãe, perde suas referências e começa um tempo de sofrimentos.   Adolescente conhece aquele que seria seu companheiro de vida por mais de setenta anos. Meu pai. Namoraram por seis meses antes dela se mudar. Continuaram por cartas e longa distância até ela retornar e se casarem. Eram tempos de guerra mundial. Eram tempos de mocidade e mesmo com

sete ciclos / três encontros

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sete gorilas                   encarnados sorriem /com vagarosa compreensão do mundo sete aves do paraíso comem do fruto                  do conhecimento sem medo do apagão sete vontade reconhecidas voejam discretas                 efusivas atormentadas de solidão sete desertos compartidos gritam insanos no meio da escuridão sete nuvens viajantes apontam rumos                e mudanças na poderosa força da natureza Os ciclos se alternam.  A luz sucede à barbárie.  Crescemos em poder de afetos.  Dentro e fora de nós ressurge e regenera a Vida ao fundo três musas dançam sons alucinantes em leveza languidez unindo força e ternura em desbragada alegria e humor

Sou do tempo da internet de escada

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  Internet de escada era um meme que corria no twitter quando os jovens descobriram que a internet dos velhinhos como eu era discada. Não sei o quanto tem de piada ou se realmente era real. Não duvido porque tantas vezes ouvimos algo de passagem e assimilamos como sendo a versão mais verdadeira. A gente canta música com letra errada e jura que é a certa. Acha que é mal passado quando na verdade é amar o passado. Fala ditados sem entender a coerência até entender que cuspido e escarrado era esculpido em Carrara. A gente olha a juventude que erra uma coisa básica que vivemos e acha que é pura falta de informação esquecendo que o tempo sempre traz mudanças e que as versões estão aí mesmo para comprovar que tem até os que acreditam em Terra plana quando a gente achava esquisitice os que juravam que não houve pouso humano na Lua. Sou do tempo em que o máximo era mulher não ter peito e jogar fora o sutiã, que ainda um tempo atrás era chamado de corpinho e tinha bicos absurdos apontando para