Medo nosso de cada dia
Acordei um pouco mais tarde que a hora habitual das madrugadas insones. 4:30. Em geral meu horário de abrir os olhos, ainda meio grudados de sono, é por volta das 3:30. A sincronicidade dos números me acompanha. Em vez de pegar um bom livro, um daqueles inúmeros que me olham convidativos e sarcásticos com a minha desculpa de falta de tempo, corri pelas redes sociais. Aquela dos textões familiares, a dos telegramas que lutam pelas hashtags fomentadas por robôs além mares. E mesmo aquela das imagens que agora é sucesso de vendas nesses tempos em que olhar rápido e sem conteúdo se faz cada vez mais necessário. Perdi exatamente umas duas horas nesse processo inútil que só fomentou a ansiedade que já existia em mim na hora em que fui dormir. Fechei os olhos novamente quando o sol já se anunciava no horizonte, em cores lindas, que quase me fez levantar para fotografar, como se a beleza não pudesse existir por si só, sem estar registrada para que todos vissem que ela realmente existe.