Assassinei a minha franja
Acordei com essa fúria que acomete as mulheres (algumas) quando tudo parece meio nebuloso e o rosto do espelho não traz alívio. Coloquei de lado minhas dúvidas, me armei de uma tesoura afiada e cortei sem dó nem piedade.... Não foi a primeira vez. Além das bonecas que sofriam operações com caneta tinteiro de injeção e cortes radicais em seus cabelos que nunca mais cresciam, também fiz isso com a minha franja. Tinha cinco anos se muito. Minha mãe tentou arrumar como deu, mas a foto colorizada eternizou aquele caminho de ratos ad eternum. E nem internet tinha na época. Devia estar no DNA. Minha irmã fazia maestrias com bobs e escovas. Mas também algumas experiências inovadoras. Uma tinta meio fora de validade (na verdade não tinha isso de validade naquela época) tingiu seus cabelos de verde. No dia do baile de escolha da Miss RS 1963 , aquele que ia consagrar a moreninha Ieda Maria Vargas, que seria coroada como Miss Brasil e Miss Universo logo em seguida. E minha irmã de cabelo...