A moça da limpeza de Lindevania Martins
Entrei no edifício onde faço pilates meio apressada, meio ofegante com o dia que se fazia quente no início do outono. Ouvi uma senhora entrando um pouco atrás e obviamente segurei a porta do elevador. A moça da portaria, imediatamente levantou de sua cadeira e veio segura-la, como sempre faz quando eu chego. Não raras vezes abre a porta para que eu entre, naquela gentileza de prédios comerciais. Agradeço e a senhora que entrava veio se juntar e subimos. Ela para em andar baixo, me olha através da máscara e me diz em voz ressentida e sibilante: " Ela abriu a porta para ti. Para mim nunca o faz. Deve ser porque sou pobre. E tu deve ser rica. " E saiu, me deixando muito pensativa. Nada nela indicava uma pessoa em andrajos. Nada em mim indicava uma pessoa finamente arrumada. Mas havia uma diferença social que nela se traduzia por um tratamento desigual, menos respeitoso, menos educado, quase como se fosse transparente. Ou menos. Um zero a esquerda que não merece uma deferência