Conversa fiada

Tinha nove dedos de prosa para gastar no balcão. Usou seis que era econômica desde menina Guardou três de precavida porque nunca se sabe Vai que precise Calou vinte horas angustiadas A cada domingo Mil e quinhentos domingos sonolentos e sofridos Fora dos anos bissextos Gritou sete minutos contados Alguns calados Mas estes nem contavam O bom eram os gritos de selva Rugidos de fera Gravados com raiva uterina Mirou vinte e nove olhares sábados Molhou e aguou enchentes de prazer Urrou gozos milenares Deusa perdida que sempre se soube achar