Poeira de lembranças
O calor me mata. Não gosto dos extremos. Meu mundo se encanta com as harmonias. Calo de arquiteta? Talvez tenha sido refinado, mas minhas memórias me lembram que sempre fui uma pessoa observadora e crítica dos excessos.
Saber conciliar os saberes internos com as expectativas externas é um dos meus desafios nesta vida. Meu espírito parece um pêndulo oscilando entre emoção e razão. Pobre coração...
Tão carente de emoção...
Tão escravo da razão
Minhocas a parte, estamos no décimo dia do segundo mês do calendário gregoriano. A Terra continua girando nos céus em viagem à uma constelação que nem lembro nome, nem tenho certeza que é uma constelação. Já não tenho certeza de nada.
Observo.
No meio de um universo em expansão, uma minúscula poeira cósmica, eu e meus neurônios ainda nos vemos como o centro de um mundo que está pouco se lixando para a existência humana.
Um dia vou morrer. Nós todos.
Somos finitos assim como a poeira cósmica onde vivemos. Tudo é finito dentro da infinitude.
Conversar sobre a finitude assusta uma sociedade baseada no indivíduo. As que creem no Grande Espírito encontram conforto. Encontram?
Equilíbrio delicado entre a gota e o oceano.
Somos ondas ao encontro do mar como aquele livro do Pierre Weil já dizia. Ou à procura do mar. Ou querendo domar o mar.
O oceano em toda a sua imensidão. Somo eu e ele, já falava Clarice. A Lispector.
Me dou conta que sou um repositório de memórias. Pedacinhos de referências próprias e/ou literárias. Sou pedaços de experiências e inperiências. Sou rescaldo de incêndios e produto de gozos.
Somos.
E o calor?
Ainda me abate mas lembro que é resultado de escolhas. Somos sociedade predadora. Colhemos o que plantamos. Mesmo que o lucro fique para muito poucos.
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