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Habitar o tempo de outra forma

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  A velha técnica pegar um livro ao acaso e abrir uma página. Ler a frase onde o olho cair. O livro: Medo de Voar de Erica Jong A frase: Era preciso pensar com amplidão de decênios, e não de anos. Toda frase tirada do seu contexto, acaba por ter seu sentido alterado do original. De um personagem que ampliava sua expertise em algo para a zona cinzenta da filosofia. Amplidão de decênios e não de anos. Isso traz uma dimensão de tempo completamente mais ampla e menos focada na estreiteza do foco no umbigo. E no imediato. Pensar com olhar de cima para a vida e nossas ações nos leva para outra maneira de encarar a vida. Pedi ao Chat GPT que continuasse porque meu cérebro cansado de vários textos e pelo calor reinante, precisava de inspiração. Vejamos o que deu: “Pensar com amplidão de decênios e não de anos é um convite a enxergar a vida como um fluxo mais extenso, onde os momentos individuais são apenas pontos em um tecido maior. Se nos prendemos ao imediato, ao ciclo curto das coisas, ...

Conversa fiada

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Tinha nove dedos de prosa para gastar no balcão. Usou seis que era econômica desde menina Guardou três de precavida porque nunca se sabe Vai que precise Calou vinte horas angustiadas A cada domingo Mil e quinhentos domingos sonolentos e sofridos Fora dos anos bissextos Gritou sete minutos contados Alguns calados Mas estes nem contavam O bom eram os gritos de selva Rugidos de fera Gravados com raiva uterina Mirou vinte e nove olhares sábados Molhou e aguou enchentes de prazer Urrou gozos milenares Deusa perdida que sempre se soube achar

Poeira de lembranças

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O calor me mata. Não gosto dos extremos. Meu mundo se encanta com as harmonias. Calo de arquiteta? Talvez tenha sido refinado, mas minhas memórias me lembram que sempre fui uma pessoa observadora e crítica dos excessos. Saber conciliar os saberes internos com as expectativas externas é um dos meus desafios nesta vida. Meu espírito parece um pêndulo oscilando entre emoção e razão. Pobre coração... Tão carente de emoção... Tão escravo da razão Minhocas a parte, estamos no décimo dia do segundo mês do calendário gregoriano. A Terra continua girando nos céus em viagem à uma constelação que nem lembro nome, nem tenho certeza que é uma constelação. Já não tenho certeza de nada. Observo. No meio de um universo em expansão, uma minúscula poeira cósmica, eu e meus neurônios ainda nos vemos como o centro de um mundo que está pouco se lixando para a existência humana. Um dia vou morrer. Nós todos. Somos finitos assim como a poeira cósmica onde vivemos. Tudo é finito dentro da infinitude. Conversa...

vi amor nas nuvens

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Acordei cansaços como sempre sói acontecer em dias quentes. O verão me cansa em sua vivacidade e falta de vergonhas em se expandir. Somos suores, cabelos molhados, bufadas e desejos de água. Muita água. Acordei melaços de saudades ímpares. Medos confusos. Ansiedades prementes.  Acordei velha e cheia de rugas, misturadas ao frescor de poder enfim enfrentar o mundo de peito aberto e cara lavada.  E vi amor nas nuvens. O amor que tanto se escondia nos medos bobos da guria que se escondia em rimas pobres e receios absurdos. O amor que enfim não dependia de mais nada porque vicejava de dentro. Me descobria. --------- Em tempos de apocalipses anunciadas e retrocessos cambiantes, busco na essência o que a inteligência artificial não pode me dar: minha humanidade. Meu olhar curioso sobre um mundo mutante. Vivo em busca de quimeras. Reino em pradarias  verdejantes e inexistentes em um tempo real. Ansiando por respostas que talvez nunca venham porque a indagação move passos. Busco ...

O Resgate da Obra de Archymedes Fortini por Adeli Sell

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Resgatar a obra e as crônicas do jornalista Archymedes Fortini é o tema central deste livro , escrito por Adeli Sell, professor, escritor, político e profundo conhecedor de Porto Alegre, sua história e suas potencialidades. Adeli, que teve o privilégio de conhecer Fortini pessoalmente e era amigo de suas netas, se encantou ainda mais com a rica trajetória do jornalista ao se deparar com o Largo Archymedes Fortini na cidade. Intrigado pela figura quase esquecida de Fortini, mergulhou em sua história, reconhecendo sua relevância para Porto Alegre e decidindo compilar suas crônicas em um livro que busca resgatar sua memória e apresentar sua obra a um novo público. Quem foi Archymedes Fortini? Filho de imigrantes italianos, nascido no continente africano, Archymedes se destacou como jornalista, cronista e benfeitor da capital gaúcha. Adeli nos oferece pinceladas da biografia e da atuação deste jornalista que marcou época no Correio do Povo , onde trabalhou por impressionantes 65 anos. Ele ...

Vivenciando e processando o Luto e a Mudança

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Sempre gostei de ter diários. Tenho comigo os da juventude, cadernos bem elaborados, cheios de desenhos e recortes. E sentimentos ingênuos de todo adolescente que se descobre navegando na vida. Retomei o hábito de escrita diária desde 2023, agora em forma digital. Foi depois de ler o livro O Caminho do Artista , em um clube do livro que participo. Escrevo como catarse e, em geral, não releio. É como se fosse um depoimento guardado para que, quem sabe, um dia eu retome. Ou simplesmente uma conversa interna que se exprime melhor em palavras. Mas este ano enfrentei batalhas imensas. Janeiro começou com a partida da mãe , aos 98 anos, depois de dois anos acamada e com um Alzheimer se adiantando. Sempre fomos companheiras de vida. Após o falecimento do pai, ainda mais. Os cuidados intensos com os dois me fizeram ter escolhas de vida que não eram sempre as que refletiam quem eu era. Na verdade eu diria que eu nem sabia mais quem eu era quando, me deparei com uma liberdade que não tinha desd...

A escritora e a arquiteta

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Um passeio pela escrita intimista que aborda temas como amadurecimento e a maturidade. Como se alia a arquitetura e o escrever na autora Elenara Stein Leitão. Análise feita pela IA (NotebookLM) https://open.spotify.com/episode/7IsKngMpaAfalwjlSd4rAA?si=xMKlnI65TIeurQJ6MkPreg