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Mostrando postagens de abril, 2024

Entre o Silêncio e a Multidão

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  “ de quem é o olhar que espreita por meus olhos?” Fernando Pessoa – A múmia O amor precisa para viver de emoção diz a música que escuto. Em tempos de vivência sozinha literal, preciso de sons que me liguem ao mundo para que não voe na imensidão das viagens internas. Dizem por aí que a gente ronda o que mais teme. Nunca gostei do morar só. O abrir a porta e não ter ninguém com quem falar. O guardar as emoções ou angústias dentro de mim. Ou até os fatos que leio e vivencio. Temo que vá me tornar aquela velhinha que entope os ouvidos alheios quando acha um disposta a ouvir. Temo várias coisas. A principal delas é desconhecer quem é este meu olhar da maturidade. Essa eu que encara certezas antigas como supérfluas, mas que ainda tem saudades daquela menina que gritava opiniões com a convicção dos temerários. Essa eu de hoje é muito mais calada embora mais falante. É menos convicta, embora externe mais palavras. Talvez isso seja a maturidade enfim. E não apenas os cabelos grisalhos

Passageira

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Acordou angústias. Seus olhos subitamente abriram. Assustada percebeu que era mais tarde que o usual. Maldita insônia, pensou. Faz com que o sono aconteça de forma parcelada. Umas tantas horas logo que adormecia. Outras tantas de olhos abertos no meio da noite. E enfim, um sono tumultuado, nunca descanso. Levantou sustos apressados. Tinha um horário agendado. Mentalmente fez as contas: tempo de preparo do café, tomada da refeição, exercícios diárias. Um tempo para pensar, abrir a casa, sentir saudades, reconhecer que enfim estava vivendo o que sempre temeu: viver só. Sentou cabeça oca. Criatividade antes tão amiga que saltava em tudo o que pensava, andava escassa. Tudo parecia sem necessidades de expor. Como se enfim a vida fizesse sentido por estar vivendo. Algo que sempre considerou sem emoção. Ou sentido. A hora marcada a chamou de supetão. Não tinha tempo para devaneios. Não estava tendo este tempo fazia muitos meses. Ou anos. Ou séculos. Que os tempos faziam uma dança de estranham

Perplexidades

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Minha alma canta Maria Rita no canal de música da TV a cabo. Logo seguido de Metamorfose Ambulante e vejo um Raul Seixas masterizado em um clipe do Fantástico dos anos do fim do século passado. Aliás a rebeldia dos anos 60 e 70 foi sendo encaixada, pasteurizada e vendida como produto. Não a toa estamos hoje nesse vácuo onde todos somos brilhantes e felizes, #SQN. As linhas de apoio dos psicólogos bombam, especialmente nos plantões de fim de semana onde, longe do trabalho diário, enfim temos tempo para nós.  Quem somos nós? Aquela velha opinião formada sobre tudo...um tempo de certezas parece tão distante de um tempo de informações rápidas e várias narrativas. A verdade corresponde ao guru da ocasião.  Como conviver com o vácuo e manter a sanidade? Depois de umas décadas dedicada a outros, me olho no espelho e tento reunir as peças de quem eu era. Antigas crenças sempre repetidas como mantra auto analisado, já não fazem parte da eu de agora. Tateio nas possibilidades de escolha para tes