Quando as águas invadem, arrastam mais do que casas e bens materiais. Elas levam memórias, sonhos e, em muitos casos, a segurança emocional das pessoas. Mas, paradoxalmente, também deixam marcas de solidariedade, resiliência e uma vontade inabalável de reconstruir. É exatamente essa dualidade — o dilúvio físico e emocional — que "Enchente: Uma coletânea em prosa e verso", da Editora Bestiário, captura de forma magistral. Com uma linguagem ora poética, ora visceral, esta obra é mais do que uma homenagem à tragédia das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024. Ela é uma carta aberta às dores da humanidade e um grito de alerta contra o descaso que permitiu que essas águas se tornassem tão avassaladoras. Em cada conto, crônica e poema, os autores dão vida a um mosaico de sentimentos e reflexões. Alguns textos mergulham na devastação: as águas invadindo espaços íntimos, transformando o cotidiano em ruínas. Outros exploram as histórias de resistência, as mãos que se est