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Mostrando postagens de agosto, 2022

Reversos sentimentos

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As redes sociais tecem caminhos de encontros e descobertas tão ricos! Através de uma delas travei conhecimento com uma mulher admirável que reside tão longe da minha Porto Alegre. Pedi uma cópia de sua dissertação de mestrado. Ela gentilmente me enviou e começamos a trocar impressões. Eu me encantando com as paisagens que ela postava, ela curtindo com tanta generosidade as que eu compartilhava. Me compartilhou seus escritos, muitos frutos de desafios literários em sua região. Descobri uma escritora fascinante, com uma musicalidade criativa e bonita que me fazia enxergar sua terra e sua gente. Ela lançou aqueles contos em um livro e me convidou para escrever o posfácio, também uma experiência inédita para mim. Reversos Sentimentos é o livro de estreia de Romanilta Rocha , escritora e professora piauiense. Editado pela Life Editora com orelha de Francisco Miguel de Moura e prefácio de Jailson Klein.  Foi muito gratificante participar um pouco da história deste livro, ver a sua gestação,

Encontro inesperado - I

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Desde que me entendo por gente, o barco a vela tem sido o meu lar. Naveguei para todos os cantos do mundo em busca de aventuras e conhecimento, mas agora estou cansada. Cansada de andar sem rumo, de não ter um lar para chamar de meu. Quando o barco ancorou naquela baía sob a luz do luar, eu soube que era hora de desembarcar. É hora de começar uma nova vida, deixar para trás o velho eu e buscar uma nova identidade. Posso ver o meu futuro se estendendo diante de mim como um caminho iluminado pela lua, e sinto que finalmente estou pronta para seguir em frente.   Desci a âncora com cuidados. Meus pés, desacostumados à firmeza de terra firme, erraram o rumo da margem. O ondular das águas ainda fazia parte de minha rotina. Deixar a liquidez para ousar no concreto desconhecido parecia mais aventuroso que encarar uma noite de tempestade na solidão do oceano. Deixei as preocupações para trás e fui. O lugar era pequeno. Um povoado de pescadores que falavam uma língua parecida com a minha. Havia

Amanhecer Maravilha - um desafio

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"Ora, às vezes acredito em seis coisas impossíveis antes do café da manhã." - Alice no Pais das Maravilha s Já comecei uma crônica sobre sonhos impossíveis com esta frase de Lewis Carrol em Alice. Mas vou falar é sobre sonhos possíveis ou como começar um dia que me possibilite chegar mais perto deles. Um desafio proposto pelo Rafael Reinehr  sobre como seria o meu amanhecer maravilha. "Uma vez, o psicólogo croata Mihaly Csikszentmihalyi disse que pessoas que são imensamente criativas ou tem muito sucesso em suas vidas começam seu dia com algo que gostam muito de fazer. Pode ser algo pequeno, como tomar seu café favorito, tomar um café da manhã lento e delicioso, ligar para quem você ama ou ficar alguns minutinhos de boa com ele ou ela, ou ficar 5 minutos do lado de fora de casa, tomando chá enquanto toma sol e fica em contato com a natureza… Pode na verdade ser qualquer coisa, desde que você goste muito. Isso já aumenta as chances de seu dia ser muito melhor." Ress

Heranças dos pais que me arquitetaram

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Dos pais de minha vida lembro tantos.  Uns que conheci por palavras e lembranças, outros por ação e carinho.  Um em especial foi o meu pai. Ele mesmo filho de outro homem.  Um que ele tinha uma imensa tristeza de não ter conhecido e de ter guardado tão poucas memórias, tão pequeno era quando esse pai se foi. O Fábio guerreiro e combativo que aprendi a reconhecer como avô pelas histórias que meu pai contava. O imaginava jovem, cheio de uma energia de lutas e com uma coragem indômita de tudo arriscar pelo que acreditava ser o certo. Ao mesmo tempo, uma inconsequência por ter largado mulher e filhos tão cedo e tão abandonados. Morreu crivado de balas em uma época em que morrer por uma causa era ideia a ser levada a sério. Do Bartholomeu, médico e professor, também lembro pelas memórias de minha mãe. O caridoso que levava doentes para casa, recebia em galinhas e frutas da população daquele local ermo que foi achar ser o paraíso. O homem curioso e apaixonado pela natureza que ensinava a faz

A chuva que lava a alma

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Não é segredo que venho passando aqueles tempos cíclicos que me acometem de tempos em tempos: a mudança. Ainda bem que não fico parada e que tento de alguma forma me ouvir.  Não, o meu mundo não é sempre florido e cheio de pássaros voejantes. Embora eu seja otimista, consiga olhar situações de forma criativa, é preciso que isso faça sentido dentro de mim. A vida não é um florir constante. Não existe força de vontade que mude um sentimento de perda, de desconforto, de desapego interno. Processos doem. Fugir da dor não é humano. A dor existe. É importante porque sinaliza algo que não está funcionando, seja físico, seja mental, seja emocional. Não adianta muito tampar a dor, tomar um barbitúrico, droga, mantra, seja lá o que o for para esconder que doí.  Dor existe para sinalizar. Maturidade é encarar a dor de frente, na medida das nossas possibilidades. Com ajuda dependendo do tamanho da dor. Encarar quando pudermos. A dor nos ajuda. Existe uma sutil e grande diferença entre encarar a su

Passageira no cotidiano

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Cinco pássaros voejantes.  Galinhas que cacarejam.  Alguns gatos malemolentes  com majestosa beleza.  Uma rua deserta  aberta ao desconhecido.  Uma lua no céu  rivaliza com raios solares de luminosa presença.  Uma curiosidade inata remexe no peito arfante.  Um suspiro. Duas fungadas.  Um apito ao fundo.  Um barulho do nada. Um carro que passa.  A poeira no asfalto.  A inocência guardada  em uma mala mofada.  A sobrevivência apertada  da vida que rompe paisagem. A vida. Essa continua.   No sorriso teimoso De quem não pede licença

Angustias do agosto e das escolhas que doem

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Agosto, mês do desgosto, é uma máxima de casa. Nunca questionei de onde vinha essa combinação do oitavo mês do ano como sinônimo de desgraças. Lembro que a gente sempre dizia: passando o agosto está tudo bem, temos que nos alimentar para passar o agosto e por aí seguiam as recomendações, entre brincalhonas e sérias, como se um mês pudesse reunir todas as coisas desgracentas do mundo. Mas vai que existam las brujas, nunca se sabe. Melhor mesmo se precaver. Confesso que já comecei o mês com um pesadelo. Desses bem de filmes de horror. Um casal de jovens rebeldes que salvaram uma amiga, mas que foram pegos. Estavam amarrados e um carrasco vinha com um maçarico e os queimava de leve, só para sentir o terror, nessa coisa meio demoníaca que os torturadores devem sentir ao ter alguém sob seu domínio. Fez isso com a primeira moça. Fez isso com o rapaz. Rindo sádico dos gritos de dor de ambos. Na terceira começou como os outros. Mas se aproximou do rosto e quando vi, eu que era espectadora, ele