Amanhecer Maravilha - um desafio

Imagem digital criada por DALL E OpenAI

"Ora, às vezes acredito em seis coisas impossíveis antes do café da manhã." - Alice no Pais das Maravilhas

Já comecei uma crônica sobre sonhos impossíveis com esta frase de Lewis Carrol em Alice. Mas vou falar é sobre sonhos possíveis ou como começar um dia que me possibilite chegar mais perto deles. Um desafio proposto pelo Rafael Reinehr sobre como seria o meu amanhecer maravilha.

"Uma vez, o psicólogo croata Mihaly Csikszentmihalyi disse que pessoas que são imensamente criativas ou tem muito sucesso em suas vidas começam seu dia com algo que gostam muito de fazer. Pode ser algo pequeno, como tomar seu café favorito, tomar um café da manhã lento e delicioso, ligar para quem você ama ou ficar alguns minutinhos de boa com ele ou ela, ou ficar 5 minutos do lado de fora de casa, tomando chá enquanto toma sol e fica em contato com a natureza… Pode na verdade ser qualquer coisa, desde que você goste muito. Isso já aumenta as chances de seu dia ser muito melhor."

Ressalto essa frase de sua correspondência. E já relembro que os cafés da manhã e o acordar sempre foram minha hora especial do dia. Minha mãe me acordava com canções.  Talvez isso tenha ajudado a que eu fosse desde sempre uma pessoa matinal. Durmo sem cortinas pesadas, gosto de acordar com a luz do sol. Gosto do amanhecer. Aquela hora encantada em que a madrugada vai dando lugar às luzes e a cidade desperta em sons e movimentos. É um instante mágico, cheio de cores bonitas e é como se o dia se abrisse em possibilidades depois dos sonhos noturnos. 

Sempre foi a minha hora de estudar para provas se houvesse, ler um livro ou olhar as novidades hoje. Nunca fui de ficar procrastinando na cama. Levanto rápido, vou ao banheiro, troco de roupa. Nunca ninguém tomou café de pijamas ou roupões aqui em casa. De preferência já íamos para a mesa de banho tomado, cheirosos e frescos. Os bons dias trocados cheios de calor e afeto. Houve um tempo em que o café me era servido. Algumas vezes pelo meu pai que preparava minha merenda e lanches, de um jeito tão terno que lembro com carinho até hoje. Era a hora dele me tomar a tabuada e levar para a escola. Sempre estudei pela manhã.

A hora do café em conjunto era sagrada. O momento de ouvir o rádio, comentar as coisas do dia, depois sentar e ler o jornal. Que ainda era de papel. Depois a vida foi me fazendo ser a quem prepara. E muito agora meu café tem sido solitário. Uma das coisas que mais me faz ter que esforçar para que meu amanhecer continue sendo maravilhoso.

Então o que faço hoje? Acordo, corro para ver se minha mãe está bem. Repito os mesmos cuidados que ela tinha conosco, não raras vezes me pego apreensiva vendo se respira em seu sono mais suave, tal qual ela fazia conosco bebês. Dou água para a gata. Corro à cozinha, faço um café preto com canela, preparo uma fruta e uma panqueca com queijo. Algumas vezes lembro de beber água. Sento só na mesa. Escuto podcasts de notícias. Depois abro a janela da área, olho a vista que é privilegiada sobre a minha cidade. Se está bonita, fotografo para compartilhar com mais pessoas pelas redes sociais e pelo whatsapp. Pego a bike ergométrica velhinha de selim duro, sobre o qual coloco uma almofada e pedalo por 40 minutos. Diários. Ouço os pássaros. Vejo a vista. Faço uma respiração 4/7/8 ou seja, quatro inspirações, sete retenções e oito expirações por quatro vezes em um método que aprendi num curso de gerenciamento de estresse. Faço exercícios para os braços, alongamentos neurais e penso. Penso muito. Escrevo crônicas mentais que, em geral, não passo para o papel. Fico brava. Fico alegre. Me enterneço. Penso de novo. São os momentos de ficar só. Preciso deles todas as manhãs. Não que acorde mau humor. Em geral não, mas preciso desses momentos comigo quase como o ar que respiro.

Nem sempre me alimento com vagar ou com muita maestria. Quase nunca, na verdade. Meu amanhecer maravilha, embora tenha que incluir comer, não prima pela quantidade. São esses momentos em que quase acalmo a mente que me fazem ter forças para olhar mais um dia com vigor e bom humor.

E para vocês, como é um amanhecer maravilha? É um espetáculo ou pode ser abastecido por pequenos momentos de satisfação e carinhos consigo e com os outros? 

(a imagem acima foi gerada no DALL E da OpenAI sobre como seria uma versão de um belo café ao estilo de Van Gogh)     


Comentários

  1. Fico só na expectativa de que 10% dessas crônicas mentais acabem sendo transportadas para cá. Adorei o relato do teu Amanhecer Maravilha. Me deu vontade de redigir um mais "narrativo" e intimista, como o teu. No tempo certo, farei.

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    1. Achei o teu relato tão gostoso de ler, me instigou a falar do meu. Tenho várias crônicas mentais não escritas. Espero um dia me lembrar delas...abraços

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  2. Que bom ler teu relato e tantas foram as afinidades que ao final fiquei muito grata por existir pessoas assim como tu uma verdeira tradutora juramentada das minhas infinitas crônicas mentais. Meu amanhecer maravilha ficou agora mais fácil de sermos assim mesmo: seres pensantes capazes de escolher em cada fase da vida ser ter e fazer tudo que as boas ideias concebem! Você me deu muitas inspirações. Obrigada 😊❤️

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    1. Que lindo Anelise!!! Espero lr muitas de tuas crônicas mentais colocadas em forma escrita ou falada! Tu é muito especial! Beijos

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