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Moradas de todos nós

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  A casa de Maria Acordou amarguras e olhou com desdém para sua cama desarrumada. Não iria alisá-la, não iria organizar nada. No máximo um lençol jogado ao lado e seguiria a vida. Seus sapatos reunidos em um encontro maluco, se olhavam, par de um com o par de outro. Os livros se empilhavam poeirentos como as mágoas que guardava na alma. Todo dia, em algum momento, pensava distraída que precisava arrumar um pouco porque perdia coisas. Aquela blusa que gostava e a tornava mais radiante. Aquela bolsa que tanto lhe trazia felicidade ao lembrar do momento em que a ganhou. Os escritos, os poemas, as anotações feitas em papéis jogados ao vento, repousavam em algum canto deserto e escondido. Maria olhou sua casa com conforto e tristeza. Era uma cópia dela mesma. Jogada para depois. Um dia, quem sabe. Hoje a correria do fazer e sobreviver chamava mais alto. Pegou a máscara do faz de conta e desceu com a cara de dia bom que sabia tão bem desenhar em seu rosto. A mesa do Joaquim Há dias Joa