Angustias do agosto e das escolhas que doem


Agosto, mês do desgosto, é uma máxima de casa. Nunca questionei de onde vinha essa combinação do oitavo mês do ano como sinônimo de desgraças. Lembro que a gente sempre dizia: passando o agosto está tudo bem, temos que nos alimentar para passar o agosto e por aí seguiam as recomendações, entre brincalhonas e sérias, como se um mês pudesse reunir todas as coisas desgracentas do mundo. Mas vai que existam las brujas, nunca se sabe. Melhor mesmo se precaver.

Confesso que já comecei o mês com um pesadelo. Desses bem de filmes de horror. Um casal de jovens rebeldes que salvaram uma amiga, mas que foram pegos. Estavam amarrados e um carrasco vinha com um maçarico e os queimava de leve, só para sentir o terror, nessa coisa meio demoníaca que os torturadores devem sentir ao ter alguém sob seu domínio. Fez isso com a primeira moça. Fez isso com o rapaz. Rindo sádico dos gritos de dor de ambos. Na terceira começou como os outros. Mas se aproximou do rosto e quando vi, eu que era espectadora, ele abriu um buraco e a matou. Acordei entre assustada e aliviada por aquela cena ser fruto da minha imaginação. Mas que poderia ser real em algum lugar ou tempo histórico porque vai se saber o que captamos do mundo já que as energias andam por aí com suas alegrias e sofrimentos. Pessoas são degoladas e até jornalistas são esquartejados por governantes aceitos por um mundo onde os negócios valem mais que a dignidade.

Mas e o que isso tem a ver com o agosto? Nada, além do meu sonho. Talvez eu espinhosa também por dentro em mais uma encruzilhada do crescer humano onde as dores apontam rumos a serem revistos. Eu toda agosto na vida     

Como espinhos nas mãos
que buscam alívio da dor
Opções e caminhos
Escolha que machucam 
Caminhantes que somos
em busca da utopia
às vezes tão distante
as escolhas que fazemos
Não nos trazem o seguro
Às vezes arrependimentos
Outras vezes culpa
Seguimos pura teimosia
aprendendo com erros
As angustias do agosto
e das escolhas que doem
Apenas etapas da jornada
um dia, se tudo der certo, 
Encararemos o destino final.

Escolhas doem. Aprendi a lidar com elas. Não sei se bem, mas da forma possível. Se há encruzilhadas, melhor seguir que ficar parado. Escolher um rumo e esquecer os outros. No final talvez a chegada seja a mesma já que a meta real é crescer. E seguir.

Então que agosto nos guie com sabedoria e augusta majestade. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

amantes eternos (divagações com a IA)

O nunca mais

O tempo