Afetos divergentes
Ruas viraram perigo
Abraços condenados
Beijos afastados
Amores exilados
Cada qual em sua bolha
Naquele mundo conectando
Digitalmente
Sem contatos reais
Uns nem se importavam
Diziam que era mentira
Um grande complô de manipulação
Outros que não havia solidariedade
Enquanto debatiam nas suas redes,
Georges, Migueis e Dorildes morriam
Não de pandemia
Mas de ódio, omissão e covardia
Esses vírus que quase nunca ganham manchete
Até que alguém filma
Até que alguem grite basta
Até que venha um novo esquecimento
Até lá convivemos com os nossos afetos
Cada dia mais divergentes
Amor sem a admiração
Carinho sem consonância
Olhares sem harmonia
Caminho sem volta?
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