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Mostrando postagens com o rótulo Descobertas

Desde que faça sentido

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  Estou meio que me sentindo igual a um buraco branco.  O buraco negro é aquele que suga tudo. Tipo eu quase toda a vida, esponjinha empática que sou. Em nova versão pós pandemia estou me treinando para não captar tanto. Confesso que passo pela fase do expelir quase tudo. Tipo a teoria do buraco branco, captou? Pois é, nem eu. Nem importa porque nem escrever direito estou conseguindo. As palavras custam e nem é falta de leitura. As vezes desconfio que os neurônios e sinapses estão implodindo, herança do DNA familiar. Outras que a solidão do ficar consigo tanto tempo tenha afetado ainda mais a minha pouca disposição da convivência. Tentarei um velho novo caminho de ser mais organizada comigo. Pró ativa era o jargão dos tempos da qualidade total. Lembram, quando a gente aprendia a fazer e rastrear muito bem algo, mesmo que fosse uma bela porcaria? Mas a tal da pró atividade é uma coisa bacana porque instiga a gente a não ficar esperando que a vida leve a gente e resgatar a velha...

Seguindo a intuição e brigando com as crônicas

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Resolvi fazer um curso online na pandemia. Um deles. O primeiro. Foi logo depois de ver um vídeo de uma jovem brasileira na Itália falando de sua experiência de isolamento. Segundo ela tinha uma fase da solidariedade, do surto, da apatia. Uma das formas de administrar isso era tendo objetivos.  Fazer um curso de crônicas me pareceu uma boa maneira de levar o tempo. Nem tanto.  A crônica não é aquele gênero fácil que eu imaginei. Ao contrário. Exige disciplina, concisão e trabalho. Muito trabalho.  Seria como cozinhar por prazer e cozinhar no cotidiano. Por prazer tu elabora o que quer comer, deleita-se com os preparativos, tudo é descoberta e divertimento, mesmo quando exige paciência. O cotidiano é completamente diferente. Tem que sair algo, com o que tem em casa, muitas vezes. Tem que fazer render diferenças entre o arroz de ontem e o de amanhã, que embora sejam o mesmo cereal, pareçam diferente a cada dia. Confesso que aumentou minha admiração pelos cronistas. Consegui...

Despintando as imagens do passado

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Sinto saudade das coisas das coisas que vivi e das quais deixei passar (..) Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que ... não sei onde ... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi ... Clarice Lispector Hoje retomei memórias.  De repente uma foto te leva para épocas tão distantes e meio que abrem portas de sentimentos e afeições. Um concurso das mais belas pernas em umas festa a fantasia entre amigos resgatam as lembranças da menina que recebeu muitos elogios pela beleza na infância e pela inteligência na puberdade.  Ah, a puberdade, essa idade difícil em que os hormônios começam a aflorar  e as emoções se confundem em mil imagens de rejeição e medos. Não sei bem em que idade me deixei levar pela desconfiança e o medo das pessoas. Lembro que bem pequena já sentia isso. Mas foi na adolescência que o pacote se solidificou.  Entendam, venho de uma família de longilíneos e magros. E mais ainda: gordofóbicos. Não tinham mais nenhum ...

Afetos divergentes

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Eram tempos esquisitos  Ruas viraram perigo  Abraços condenados Beijos afastados Amores exilados Cada qual em sua bolha Naquele mundo  conectando  Digitalmente  Sem contatos reais Uns nem se importavam Diziam que era mentira Um grande complô de manipulação  Outros que não havia solidariedade  Enquanto debatiam nas suas redes, Georges, Migueis e Dorildes morriam Não de pandemia  Mas de ódio, omissão e covardia Esses vírus que quase nunca ganham manchete Até que alguém filma Até que alguem grite basta Até que venha um novo esquecimento  Até lá convivemos  com os nossos afetos  Cada dia mais divergentes  Amor sem a admiração Carinho sem consonância Olhares sem harmonia Caminho sem  volta? 

dos Signos

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Áries Branca, preta ou amarela A ariana zela. Tem caráter dominador Mas pode ser convencida E aí, então, fica uma flor: Cordata… e nada convencida. Porque o seu dominador É o amor. Eu cá por mim não tenho nenhum Preconceito racial: Mas sou ariano! ( Vinícius de Moraes ) Não tinha nascido nem em março  Muito menos em abril Mas era todo ariana desde sempre Nariz empinado de razão  A primeira a esquiar  Ralar joelho, nariz e alma Nas escaladas fagueiras Quando viu Miguel  Acercou sem piedade  Só acalmou no primeiro filho  Era mãe moleca Das que crescem junto com a piazada Uma escada Uma tripa Dos mais velhos aos mais moços  Anos de risadas/lagrimas e busca Miguel vinha como dava Corria para alcançar o pique Bufava, sorria e prosseguia  Um dia viraram avós  Vida feita e cama desfeita Seria um paraiso Nao fosse a pandemia Ser velho virou descarte Pesava para o sistema Logo eles que acreditaram nos mitos To...

tempo de incerteza

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Um dia acordei com vinte No outro três vezes mais Ontem era verdade cristalina Amanhã incerteza total Hoje pura perplexidade. Ouço Nelson freire ao piano. Liszt. Optei por poucas notícias para depurar a mente. Nesses tempos encharcados de então, as versões são muito rápidas e cheias de convicções forjadas em sabe-se lá que interesses. Até a ciência segue o famoso quem patrocina. E os comuns leigos ficam reféns de suas bolhas, olhando para o relógio que teima em andar numa acelerada debandada. Para terem uma ideia, deletei abril. Não por escolha como tantas vezes já fiz com o Natal quando estava muito atarefada. Pronto, passava o Natal para janeiro e acabava com problema. Ou postergava. Quando (e se) acabar essa bagaça vírus, nem mesmo eu sei como estará o mundo e minhas certezas. Tudo bem, meus valores só se solidificam com as emergências. Nasci para elas. Mas mesmo com tanta reflexão, há que se dar um tempo para viver. Apenas se deixar ser. Já soube de toques poéticos. Pes...

do mergulho

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Um homem tem sempre medo de uma mulher que o ame muito. Bertolt Brecht Tinha 15 anos na primeira vez em que apaixonou. Coisa de adolescente timida, tudo platônico. Era  suspiros, lágrimas e muitas confidências no diario. Foram precisos alguns amores, outras lágrimas e mais confidencias para que tornasse se apaixonar. Aos trinta. No começo, como dizia Caetano, era era só brincadeira e tesão. Foi quando o amor chegou, com todo o seu tenebroso esplendor,  que ruiu inteira.  Amava. Ja nada dependia de suas escolhas. Com outros tão fácil ser senhora. Agora, certezas ao pé do chão, estruturas em balanço e uma convicção esquisita que mais parecia posseira de alma que coisa que se domina.  Ela cada vez mais dele. Palavras antes escassas jorravam feito vertente sem que pudesse trancafiar. Nem queria. Ele todo cuidados e gentilezas como todo macho que quer copular. Devia ter um seguro para esses momentos de insensatez vitoriosa quando a vida irrompe, as barreiras cedem e se qu...

Abraços de Clarice

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"Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões." Clarice Lispector - O livro dos prazeres Clarice me acompanhou em épocas de descobertas. Não por acaso seu livro, Uma aprendizagem, era minha leitura de cabeceira dos vinte anos. Por uma espécie de ato falho eu sempre colocava a palavra amarga ao lado, como em uma constatação de que a busca de si e da profundidade sempre deixa marcas de escavações, nem sempre fáceis. Na verdade nunca. Ouvi numa live, atual mania das pessoas em tempos de pandemia, que Clarice é complexa porque a gente nunca sabe o que ela quis dizer. Na época isso nunca me preocupou. Nem quem era a Clarice real, sua biografia, sua trajetória. Ela era alguém que traduzia em belas palavras muito que eu sentia. Nossa convivência era algo mais visceral que literário. A medida que fui passando do mistério de ser e de se buscar...

Sobre a vida

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Frase do dia

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Lembretes de vida

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