do mergulho
Um homem tem sempre medo de uma mulher que o ame muito. Bertolt Brecht
Tinha 15 anos na primeira vez em que apaixonou. Coisa de adolescente timida, tudo platônico. Era suspiros, lágrimas e muitas confidências no diario.
Foram precisos alguns amores, outras lágrimas e mais confidencias para que tornasse se apaixonar. Aos trinta.
No começo, como dizia Caetano, era era só brincadeira e tesão. Foi quando o amor chegou, com todo o seu tenebroso esplendor, que ruiu inteira.
Amava.
Ja nada dependia de suas escolhas. Com outros tão fácil ser senhora. Agora, certezas ao pé do chão, estruturas em balanço e uma convicção esquisita que mais parecia posseira de alma que coisa que se domina.
Ela cada vez mais dele.
Palavras antes escassas jorravam feito vertente sem que pudesse trancafiar. Nem queria.
Ele todo cuidados e gentilezas como todo macho que quer copular.
Devia ter um seguro para esses momentos de insensatez vitoriosa quando a vida irrompe, as barreiras cedem e se quer o que se quer.
O que se quer?
Paixão sim que fêmeas somos passionais.
Mas mais.
Queria encontro e entrega, aquele mergulho sem fim na essência de um mais o outro.
Mulher é bicho esquisito. Além de sangrar todo mês, quer a impossibilidade. Aposta no intangivel, é feita da matéria das nuvens com a crueza das lavas endurecidas.
Mulher entregue de corpo e alma assusta.
Ela se assustava com ela. Ao mesmo tempo em que tinha as certezas das mulheres que perpetuavam a vida.
Ele? Apenas imaginava.
E temia o mergulho.
Algumas lidam melhor com as artimanhas da sedução. Se mantém senhoras de seus caprichos.
Nao ela. Nunca ela.
Via além do invólucro. Captava o âmago e, por isso, assustava.
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