Meu avô jornalista e revolucionário
Meu outro avô, o Fábio, era jornalista.
Seu jornal se chamava A Palavra e era nele que usava seus dons de inflamada paixão literária para defender suas ideias políticas.
Meu avô era uma homem de decisão e tinha posição. Morreu por conta de seus ideais.
Imagino a fúria de seus dedos ao datilografar vigorosas reportagens sobre os desmandos da época. Não poupava palavras. Mentiroso cynico, canalha impudente. Salamalequeiros da dictadura...que tartufos! Dizia sobre as autoridades da época que fraudavam eleições. Ao invés das fake news, muniam os eleitores com cédulas pré marcadas. Cada época com as suas patuscadas.
Não a toa as paredes de sua tipografia amanheciam cobertas de balas. Meu pai, que tinha três anos quando ele morreu, lembrava das marcas.
Maragato, batista e maçom. Não duvido que fosse espírita como seu irmão. Se bem que talvez tivesse mais crenças no real do que no espiritual. Devia ser porreta, esse avô, que morreu jovem, com 36 anos, perfurado por balas em um levante militar. Era um dos dois civis que acompanhavam as tropas sublevadas em uma época que as revoluções se sucediam nas terras gaúchas.
1924. Novembro. Talvez o jovem Fábio tenha saído apressado de casa em direção à defesa de suas ideias. Talvez tenha dado um longo beijo na jovem Estelita, então com 26 anos. Talvez tenha feito um gesto de carinho nos filhos. Talvez tenha pensado neles e no futuro país, mais justo, que gostaria que eles vivessem. Um país onde apenas palavras escritas com paixão não fossem mais eficazes e pedisse de seus cidadãos atos mais concretos.
Nunca saberei. Meu avô de olhos de águia, fascinante segundo os relatos que minha avó fazia para minha mãe, morreu muito antes do meu nascimento.
Mas como o outro avô médico, viveu em nós pelas lembranças vívidas que meu pai sempre fez questão de trazer consigo. E dele para nós.
Se não teve seu pai ao seu lado como gostaria, a lembrança e orgulho de seus feitos foram a sua herança para saber que ideias a gente defende. Seja com palavras, seja com a vida. O que não dá é viver feito gado, seguindo a cabeça de outros, sem refletir e sem se posicionar.
Seu jornal se chamava A Palavra e era nele que usava seus dons de inflamada paixão literária para defender suas ideias políticas.
Meu avô era uma homem de decisão e tinha posição. Morreu por conta de seus ideais.
Imagino a fúria de seus dedos ao datilografar vigorosas reportagens sobre os desmandos da época. Não poupava palavras. Mentiroso cynico, canalha impudente. Salamalequeiros da dictadura...que tartufos! Dizia sobre as autoridades da época que fraudavam eleições. Ao invés das fake news, muniam os eleitores com cédulas pré marcadas. Cada época com as suas patuscadas.
Não a toa as paredes de sua tipografia amanheciam cobertas de balas. Meu pai, que tinha três anos quando ele morreu, lembrava das marcas.
Maragato, batista e maçom. Não duvido que fosse espírita como seu irmão. Se bem que talvez tivesse mais crenças no real do que no espiritual. Devia ser porreta, esse avô, que morreu jovem, com 36 anos, perfurado por balas em um levante militar. Era um dos dois civis que acompanhavam as tropas sublevadas em uma época que as revoluções se sucediam nas terras gaúchas.
1924. Novembro. Talvez o jovem Fábio tenha saído apressado de casa em direção à defesa de suas ideias. Talvez tenha dado um longo beijo na jovem Estelita, então com 26 anos. Talvez tenha feito um gesto de carinho nos filhos. Talvez tenha pensado neles e no futuro país, mais justo, que gostaria que eles vivessem. Um país onde apenas palavras escritas com paixão não fossem mais eficazes e pedisse de seus cidadãos atos mais concretos.
Nunca saberei. Meu avô de olhos de águia, fascinante segundo os relatos que minha avó fazia para minha mãe, morreu muito antes do meu nascimento.
Mas como o outro avô médico, viveu em nós pelas lembranças vívidas que meu pai sempre fez questão de trazer consigo. E dele para nós.
Se não teve seu pai ao seu lado como gostaria, a lembrança e orgulho de seus feitos foram a sua herança para saber que ideias a gente defende. Seja com palavras, seja com a vida. O que não dá é viver feito gado, seguindo a cabeça de outros, sem refletir e sem se posicionar.
Comentários
Postar um comentário