Bostejando pelo meio ambiente


Meu avô materno era médico.

Veio pequeno de uma Alemanha que ainda não oferecia condições dignas de vida para todos os seus filhos. Sua pequena aldeia de Monzelfeld, perto do Rio Mosela, parece hoje uma paraíso aos nossos olhos terceiro mundistas. Mas naqueles tempos passados não devia ser tão promissora com seus habitantes. Vários deles optaram por viagens sofridas para desbravar terras desconhecidas, sabendo que nunca mais voltariam para ver seus parentes.
Aqui no Brasil foi professor. Foi dele a ideia que resultou na vinda dos irmãos Maristas para que os filhos dos imigrantes pudessem ter um ensino de qualidade. Custou para conseguir realizar seu sonho de curar pessoas. Já tinha 41 anos quando se formou em Medicina na UFRGS, turma de 1912.

Foi clinicando por aí até chegar ao interior do interior, onde se radicou e proporcionou uma vida de alegrias à minha mãe e suas irmãs e irmão.

A mãe sempre conta que quando chegava um doente as primeiras providências que ele costumava fazer era mandar dar um banho e fazer uma lavagem. Lavagem para quem não sabe é como se chamava um enema, o ato de limpar os intestinos.

Ele tinha um dito que é repetido muito aqui em casa: pra ter saúde devemos ter pés quentes, cabeça fria e cagar todo dia. Acredito que ele dissesse intestinos limpos, mas sabe como é a linguagem campeira, meio sem freios.

Lembro que uma tia, irmã de minha mãe, costumava dizer de quem falava besteiras que já estava bostejando por aí. E esse bostejando era comprido e bem enfatizado.

Sempre entendi que os intestinos são quase como um segundo cérebro e é impossível ter uma boa saúde sem o seu correto funcionamento. Beber bastante água, comer fibras e para alguns antigamente, assinar o Correio do Povo aqui em Porto Alegre, evitava ter que tomar os terríveis purgantes. Por sorte para os casos mais empedernidos havia o famoso carvãozinho, umas pílulas pretas, terrosas, que conseguiam regularizar a função excretora sem agredir a flora. Não sei se é verdade, mas como minha mãe afirmava, eu acredito até hoje que palavra de mãe vale mais que qualquer sabedoria. Até as que vem pelo whatsapp.

Agora aprendi que é um ato que ajuda o meio ambiente. Pode ser já que pessoas saudáveis devem bostejar pelas partes corretas para não ter que correr o risco de bostejar pela boca.

Mas ainda sigo o velho preceito de meu avô de manter os intestino limpos todo dia. Sei não, acho mais prudente.

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