Do pulsão de escrever

 Gosto de escrever. 

Desde pequena é minha forma predileta de comunicação. Podem imaginar que o início das redes sociais foram o paraíso para mim. Aliás, quem me conhece através delas, pode imaginar que habita em mim uma pessoa bem diferente da que se apresenta ao vivo e falante. Pouco falante. Não em valores, que esses são iguais. Mas na maneira de expressão.

Feita a ressalva, volto ao ato de escrever. Venho de uma família e de um pai que nos incentivava e nos fazia sentir seres especiais. Ao mesmo tempo que fomentava nosso empenho em melhorar sempre. Boa lição de vida: trabalho e auto estima (obrigada, Pai!).

Então ele elogiava muito o que eu escrevia. Obvio que me acreditava predestinada. Exatamente por isso, nunca me esforcei por aprimorar o ato da escrita. Era um talento nato, já me vinha por osmose, que deixasse o esforço para o que não dominava. Sempre fui assim (desculpa, Pai, não assimilei bem o teu ensinamento).

O primeiro sinal veio de uma amiga que olhou meus poemas e escritos e taxou: coisas de auto análise. Com ar de coisa comum. Flechada no meu peito, que julgava escrever sobre o universo, não imaginando que o meu interior poderia ser essa imensidão.

Fui deixando de lado a poesia. Escrevia mais como um diário de desabafos. Fui ficado analítica e meus textos focavam o profissional. Apenas.

Anos de graduação e o mestrado afunilaram este processo. Passei a crivar palavras, a soltar um ou outro laivo de poesia, mas sempre amparado por argumentos sólidos e embasados. Coisas da metodologia de pesquisa que se introjetou em mim.

Deu trabalho para desapegar disso.

Foi aos poucos.

O marco foi uma oficina de versos em fogo. Uma brincadeira que me abriu portas internas, de que a escrita podia ser mais que apenas um diário pessoal de desabafos. Fiz outra de escrita literária, anos depois, que burilou algumas visões sobre o ato de escrever como produção.

Brinco de me chamar de escritora. Na verdade escrevinho coisas que saem até por uma necessidade de catarse. Esses dias estava vendo um vídeo sobre testes de energias internas. Era um desenho do infinito, de três formas. Com a mão dominante, com a mão não usual e com os olhos fechados. As diferenças? Com a mão não usual, a maioria das pessoas (eu inclusa) acaba desenhando melhor exatamente pela falta de controle

Talvez isso explique porque minhas poesias recebam mais elogios que a prosa. Sempre digo que não é minha zona de conforto, elas saem quando precisam. Algumas gosto, outras nem tanto. Mas a prosa, essas eu muitas vezes amo de paixão, e nem sempre recebem uma contra partida que afague meu ego.

Juntei vários contos, uma herança da oficina de versos, onde me desapeguei de só falar de experiências pessoais, e coloquei na web em forma de livros. Um de contos e outro de contos eróticos. O meu intuito nem era vender, mas saber o que as pessoas achavam. 

Uma opinião.

Obvio que já mostrei para amigos. Recebi dois feedbacks muito bacanas sobre o primeiro livro. Mas o silêncio dos demais sobre este e sobre o outro, me ficaram como resposta de que a minha produção talvez não seja exatamente a sétima maravilha do mundo que julgava ser. Tudo bem, continuo teimosa em lançar ao mundo. Afinal, da peneira das escritas, poucos ganham o merecido respeito de serem bons. 

Aos outros, como eu, restam o consolo de ter um canal de expressão. Bonito ou não, não importa. Escrever é viver.

     

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