Como pesquisar dados de família para montar uma AG


Desde muito cedo costumava pesquisar a história da família. Era daquelas gurias xeretas que alugam tias para perguntar sobre avôs, bisavôs e parentescos. Por sorte alguns desses questionamentos eu documentei de maneira bem simples, a mão e em papel manteiga, com cores para marcar as famílias. E guardei. Já contei que sou acumuladora, né...

Embora não seja uma profissional da genealogia e nem pesquise em busca de cidadanias, reuni uma gama considerável de informações que me levaram a delinear um projeto pessoal de contar as histórias das mulheres da minha família. Chamei de Gestação de Memórias. Ele está em formato de e-book que já compartilhei com parentes. E recentemente fiz em formato podcast. O texto a seguir faz parte do posfácio de um possível livro que ainda gostaria de escrever, unindo as biografias familiares com alguns dados de época, local e histórias de mundo para situar onde e quando estas pessoas viveram.

A história da contadora de histórias

“... tem algum tanto na sua genealogia a pessoa semelhantes aquelas sobre as quais vou falar. 
Mesmo que não as tenha conhecido, que nunca tenha se encontrado com elas, suas ancianas, suas sábias antepassados, existem. 
Todas nós pertencemos a uma linhagem longuíssima de pessoas que se tornaram lanternas luminosas a balançar na escuridão, iluminando o próprio caminho e os passos de outras. 
Elas conseguiram isso por meio da decisão de não desistir, por suas exigências de que o outro sumisse da sua frente, por sua atitude previdente de esperar até que o outro não estivesse olhando, pela sabedoria de ser como a água e descobrir como passar pelas menores fendas ou por sua tranquila determinação de abaixar a cabeça e simplesmente por um pé diante do outro até conseguir chegar aonde quer.

Suas Luzes continuam oscilar no escuro... 
Através de nós... 
Pois, com uma única tirinha de palha, podemos acender as nosso fogo a partir do fogo delas... 
Ter inspirações a partir das suas inspirações. 
Nós somos as herdeiras. 
Desse modo, Nós também aprendemos a passar oscilantes pela escuridão uma mulher assim iluminada não consegue encontrar o próprio caminho a luz de uma vela ou a Luz das Estrelas, sem também lançar luz para as outras.” 
Ciranda das Mulheres Sábias – Clarissa Pinkola Estés

Um pouco resumidamente vou colocar aqui o como reuno dados que me servem de subsídios para elaborar as histórias. E desde já alerto que estas histórias reunem muito de verdade, mas também alguma ficção, que eu prefiro chamar de “sopros em lacunas” que elas, minhas antepassadas me sussuram aos ouvidos.

Minha maneira de pesquisar:

Conversas com familiares
Foi o início das pesquisas. Aproveite parentes com boa memória e pergunte muito. E anote. Muitos tios e tias são conhecidos por apelidos, investigue seus nomes de batismo, onde nasceram, o que fizeram e, especialmente, histórias pitorescas de família. Mais que biografias com listas de dados e datas, a histórias das famílias se faz de exemplos, de frases, de memórias de piadas e humanidades. Não esqueça disso. É salutar ter um caderno onde guardar essas anotações. Ou pelo menos uma pasta onde guardar as anotações para que elas não se percam. Tire fotos, grave vídeos. Depois que muitos de nossos parentes se forem, esses guardados serão muito preciosos.   
Organização em pastas virtuais e reais

É fundamental uma organização desde o começo. Eu tenho uma pasta onde guardo todos estes tesouros. E no computador criei pastas para a família e para cada ramo. Não esqueça de fazer backup de vez em quando. 

Cartas e recordações familiares

Como sou conhecida na família por gostar de pesquisar o passado, muitas cartas e fotos acabaram comigo. As primeiras são uma fonte de dados de vida cotidiana maravilhosos! Também descobri nomes de parentes através delas. Sem contar as que tem dados históricos relatados com a emoção de quem os viveu. Eu as guardo em plásticos, organizados por anos. 

Sites de árvores genealógicas

Aqui já começamos a falar de um maior rigor genealógico. Eu não sou uma profissional da área, mas a medida que vamos conseguindo dados, é importante ter sites ou aplicativos onde guardar, de forma organizada, os nomes e relações de parentesco. São as conhecidas árvore genealógicas, também abreviadas por AG. Uso basicamente três sites. E todos eles de forma gratuita, o que me mantém um pouco aquem do máximo de informações, mas para mim, funcionam ok.   


My Heritage 

Foi o primeiro site que usei e por isso tenho familiaridade com ele. Podem existir outros que achem melhores, o importante é que tenham condições de baixar um aplicativo que permita ter os dados da árvore no seu computador. Pessoalmente acho importante porque muitos sites desse tipo, permitem que as pessoas editem dados e isso pode ajudar, mas também atrapalhar muito.

Uso este aplicativo do My Heritage. Ele é bem amigável, não tem limitação de dados e permite fazer relatórios bem bacanas. E ele sincroniza com o site do My Heritage onde tenho uma árvore com um número limitado de pessoas exatamente porque uso de forma gratuita. Eles são meio chatos e vivem mandando emails para a gente assinar. Mas não acho necessidade de pagar. Pelo menos por enquanto. Você pode deixar pública ou não. Eu deixo de forma provada e só os que tem o link podem acessar. Afinal são dados de família, assim como fotos, etc. 

Family Search

"FamilySearch é uma organização de pesquisa genealógica mantida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e é a maior organização voltada para esse tipo de pesquisa no mundo". Ele é uma mão na roda! Sério, eu uso muito. Tenho uma conta grátis no site e uso um aplicativo no tablet. Ele é editável por quem tiver conta. A vantagem é que se consegue saber vários parentescos com isso. A desvantagem é que podem surgir ou sumir parentes. Por isso sempre alerto para ter uma árvore no computador, por precaução. O fantástico é que eles microfilmaram vários cartórios e documentos pelo mundo. Os dados que consegui deles é fantástico. No caso de parentes bem próximos, eu sempre baixo os documentos (certidão de batismo, nascimento, casamento, óbito, etc) para as pastas virtuais que falei antes. Vale muito a pena pesquisar ali. Pessoas vivas só aparecem para quem as colocou na árvore. Em geral, estes sites procuram preservar a privacidade.

Geni

"Geni é uma rede social genealógica de propriedade privada israelense da empresa MyHeritage. Lançado em 16 de janeiro de 2007, a empresa Web 2.0 estabeleceu que ia criar uma árvore genealogia do mundo". Uso o Geni um pouco menos, mas também tenho contas por lá porque aparecem referências em outros sites. Meio que eles se complementam.

Hemoreteca Digital

É um projeto da Biblioteca Digital Nacional e é fantástico. Já descobri dados incríveis por lá porque eles digitalizaram vários jornais brasileiros. Pode pesquisar por periódico, período e local. Em geral, eu uso o local (RS) e o nome que quero pesquisar (tem que usar aspas no nome: tipo assim "Elenara Stein Leitão" ou "Elenara Leitão". É um garimpo. Ele vai apontando locais onde os termos são citados. Ás vezes são várias páginas de editais, ou anúncios. Mas já descobri datas e até o discurso da formatura de medicina de meu avô, em 1913! Sem contar que as notícias são incríveis! Descobri ali que Porto Alegre tinha mão inglesa no início do século, por exemplo.

Vocês podem fazer pesquisas online, há vários documentos digitalizados. Achei os proclamas de casamento de meus pais ali. 

Organizar dados em blog, podcast, ebook

Reunidos muitos dados, fazer o quê com eles? Eu me preocupo que algo possa ocorrer comigo e as pesquisas se perderem. Então organizei dois blogs da família, o lado Leitão e o lado Stein. Fiz um podcast com a história das mulheres da família e um e-book sobre a história. Eu recomendo fortemente que não se guarde dados históricos. É bom compartilhar e interagir com parentes. 


Interação com parentes via web

Os blogs me trouxeram muitos parentes que eu desconhecia que me abasteceram com muitos dados, fotos e recordações. Fiz excelentes amizades, tem sido muito gratificante. Já houve casos também de conhecer parentes por meio de amizades da web. Citam um sobrenome e a gente vai desfiando o rolo, e eis que surge todo um ramo novo a ser acrescentado!

Grupos de genealogia em redes sociais

Outra fonte preciosa são os grupos de genealogia das redes sociais. Os uso desde o orkut. Consegui vários dados ali. E aprendi vários macetes com os profissionais. Através de um deles consegui a lista do navio que trouxe meu avô da Alemanha, informação que ninguém tinha na família. Nem aqui no Brasil, nem lá na Alemanha! E também já aprendi muitos links de assuntos interessantes e informações super relevantes assim.

Pesquisas diretas nos buscadores da web

Também é uma forma obvia de obter informações. Principalmente depois que a gente já sabe muitos dados de locais e datas. 

Enfim, desenrolar o novelo da história dos antepassados é um garimpo. A gente vai montando as peças de um imenso quebra cabeças, mas o resultado nos leva mais próximos a quem somos hoje.







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