A Páscoa mais assustadora da vida de Joana




A manhã era linda e cheia de uma luz imensa que se espraiava no campo cheio de flores da casa de Joana. Ela era uma menina curiosa, quase adolescente, que ainda curtia a doce magia das festas. Seus pais cultivavam essas tradições com carinho. Eram já mais velhos e Joana se perguntava quanto tempo ainda os teria consigo. Ela os adorava porque eram doces, curiosos e muito humanos. Joana tinham uma estranha sensação de ser tão diferente deles. Mas nunca parava para pensar no que este sentimento poderia significar. Quando algo lhe batia no peito, feito uma sensação de estranhamento e talvez saudade de algo que não lembrava, corria pelo campo a cantar com os pássaros e a observar o voo das borboletas.


Neste domingo de Pascoa sentia que havia ainda mais mistério no ar. Como sempre fazia fuçou a casa atrás do ninho que era meticulosamente escondido desde sempre. Quando o achou não deixou de bater palmas e dar gritinhos de alegria. Era um ninho de palha com três ovos muitos grandes, embrulhados em um papel muito colorido. Sua curiosidade era imensa e abriu o primeiro com sofreguidão!


O primeiro ovo era de um azul muito brilhante. Quebrou-o com com cuidado. Para sua surpresa, não encontrou chocolate, mas sim um pequeno disco voador de metal. Ela olhou com curiosidade, achando que era um brinquedo, como desses ovinhos tão fascinantes que vinham com quase nada de chocolate e com gerigonças por dentro. O disco tinha um botão na parte de baixo. Assim que o apertou, ouviu um som estranho e o brinquedo começou a levitar no ar. Joana se assustou e o soltou das mãos e, para sua surpresa, ele saiu voando pela janela.


Ainda sem entender e já achando que era uma tecnologia nova de brincadeiras, pegou o segundo ovo. Era de um verde fosforescente. Dentro dele apareceu uma pequena criatura verde e peluda, com olhos grandes e antenas. Deve ser um bichinho de pelúcia, pensou a menina. Mas logo deu um passo para trás porque a criatura começou a falar em uma língua incompreensível. Sem pensar duas vezes, deixou que caísse no chão e pareceu que ela sumiu de sua vista com ligeireza.

É Páscoa, pensou. Tempo de magia. O terceiro ovo era vermelho e pulsante. Joana o quebrou já com um grande receio. E aí teve a maior de todas as surpresas. Dentro dele, é obvio que não achou chocolate, mas uma pequena tela de cristal, que mostrava uma imagem de seres exóticos levemente semelhante à ela. Vestiam roupas estranhas e tinham um sorriso esquisito no rosto. Dentro dela ouviu uma língua desconhecida, mas que por milagre, ela entendia:

- Olá, Joana. Nós somos seus pais verdadeiros. Viemos de outra galáxia para estudar a raça humana. Nós te deixamos na Terra quando você era um bebê, e te observamos durante todos esses anos. Nós te demos esses ovos especiais para testar sua reação. Estamos muito orgulhosos de você, filha. É muito inteligente e corajosa. Agora nós viemos para te levar conosco para nosso planeta. Você vai conhecer seus irmãos e aprender muitas coisas novas. Está pronto para vir conosco?

Joana ficou paralisada. Não sabia o que fazer. Pela janela viu o disco voador pairando no céu. Olhou pela porta e viu a criatura verde se aproximando dele. Olhou para a tela de cristal e viu pais desconhecidos sorrindo para ela.

Começou a chorar e gritar por socorro. Mas seu mundo de faz de conta começou a sumir, pouco a pouco...

Joana estava em pânico. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ela tinha acabado de descobrir que seus pais adotivos eram na verdade agentes infiltrados de uma organização secreta que monitorava os extraterrestres na Terra. Eles tinham mentido para ela durante toda a sua vida, e agora eles queriam entregá-la aos seus verdadeiros pais, que eram seres de outro planeta, que tinham vindo buscá-la em uma nave espacial, e estavam esperando por ela no quintal da casa.

- Por favor, não me façam ir com eles! - Joana implorou aos seus pais adotivos. - Eu não quero deixar a Terra! Não quero conhecer esses monstros!

- Joana, nós te amamos muito, mas você precisa entender - disse sua mãe adotiva, com lágrimas nos olhos. - Você não pertence a este mundo. Você tem um destino maior. Você é especial.

- Especial? Especial como? - Joana perguntou, confusa e assustada.

- Você é a filha do líder dos extraterrestres. É a herdeira de um império galáctico. Você tem poderes que você nem imagina. É a esperança de uma nova era de paz e harmonia entre os povos do universo - disse seu pai adotivo, com orgulho e admiração.

- Eu não quero ser nada disso! Eu só quero ser uma menina normal! Eu só quero ficar com vocês! - Joana gritou, abraçando seus pais adotivos.

- Nós também queremos ficar com você, mas nós temos uma missão a cumprir - disse sua mãe adotiva, soltando-se do abraço. - Fomos escolhidos para te proteger e te preparar para este momento. Nós fizemos o nosso melhor para te dar uma vida feliz e normal na Terra. Mas agora chegou a hora de você ir com os seus verdadeiros pais. Eles estão te esperando.

- Não! Não! Não! - Joana chorou, tentando resistir.

Mas era tarde demais. Seus pais adotivos a levaram até o quintal, onde a nave espacial estava pousada. A porta da nave se abriu, e dois seres altos e esbeltos saíram dela. Eles usavam roupas brancas e brilhantes, e tinham um ar de nobreza e autoridade.

- Olá, Joana. Nós somos seus pais verdadeiros - disse o ser masculino, com uma voz suave e grave.

- Nós estamos muito felizes em te ver - disse o ser feminino, com uma voz doce e melodiosa.

- Nós viemos te buscar para te levar para o seu lar - disseram os dois juntos, estendendo as mãos para Joana.

Joana olhou para eles com horror e repulsa. Ela não sentia nenhuma conexão ou afeto por eles. Ela só sentia medo e ódio. Ela se virou para seus pais adotivos, esperando que eles a salvassem. Mas eles apenas acenaram com a cabeça, como se concordassem com tudo.

- Vá com eles, Joana - disse sua mãe adotiva, sorrindo tristemente. - Eles são sua família.

- Não se preocupe, Joana - disse seu pai adotivo, piscando os olhos. - Nós sempre vamos te amar.

Joana sentiu uma força invisível puxando-a para a nave espacial. Ela tentou se soltar, mas era inútil. Ela foi arrastada para dentro da nave, enquanto gritava desesperadamente:

- Socorro! Socorro! Alguém me ajude!

A porta da nave se fechou atrás dela. A nave decolou do quintal e subiu pelo céu. Joana olhou pela janela e viu a Terra se afastando cada vez mais. Viu sua casa, sua escola, seus amigos, tudo o que ela conhecia e amava. Sentiu uma dor imensa no peito, como se seu coração estivesse se partindo. Chorou até não ter mais lágrimas.

Ela olhou para os seus pais verdadeiros, que a observavam com curiosidade e compaixão. Eles tentaram falar com ela, mas ela não quis ouvir. Ela se encolheu em um canto da nave e se fechou em si mesma.

Ela não sabia para onde estava indo, nem o que a esperava. Só sabia que tinha perdido tudo o que importava para ela. Só sabia que queria voltar para a Terra.

Mas ela nunca mais voltou.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

amantes eternos (divagações com a IA)

Das podas necessárias

Dos meus pertences