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De Woodstock ao WhatsApp da família: onde foram parar os rebeldes com mais de 30?

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  “Não confie em ninguém com mais de 30.” Frase curta, direta, quase um refrão. Imortalizada pela contracultura dos anos 60 e 70, ela ecoava nas rodas de violão, nas passeatas, nos pôsteres psicodélicos e nas faixas de protesto. Originalmente dita pelo ativista Jack Weinberg em 1964, durante o Free Speech Movement em Berkeley, a máxima expressava a desconfiança dos jovens em relação à geração mais velha, vista como cúmplice do poder, do conservadorismo e da opressão. A frase foi rapidamente adotada pelos movimentos de contra cultura mundo afora e, no Brasil, virou verso irônico e provocador na música Com Mais de 30 , de Marcos e Paulo Sérgio Valle. Uma canção que zombava da autoridade, ironizava os valores tradicionais e escancarava a vontade de autonomia, autenticidade e liberdade da juventude. Criticava não só os mais velhos, mas também a alienação urbana, a caretice institucional, o tédio existencial. Era um convite à invenção de novos caminhos, longe das fórmulas prontas. Mas...

Civilização do amor: Começa em cada gesto

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  Enquanto subia a ladeira meio íngreme, ladeada por casas populares e comércio de bairro, pensava em como seu avô Bartholomeu estaria satisfeito. Vinha de um encontro com um grupo de pessoas idosas em um Centro Social Marista. No coração do bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, o Centro Social Marista Santa Isabel (Cemasi) pulsa como uma parceria viva entre as Irmãs Franciscanas e os Irmãos Maristas. Referência para diversas comunidades da região, o Cemasi atua em um território marcado por desafios históricos e sociais — onde faltaram políticas públicas, mas sobrou potência coletiva. Quadras de esporte, cozinha comunitária, salas de encontro e reunião compõem o espaço para que crianças, adolescentes, adultos e pessoas idosas possam usufruir dos eixos estruturantes dos Centros Sociais da Rede Marista: Cuidado, Cultura da Solidariedade e Paz, Protagonismo e Cidadania, e Incentivo à Aprendizagem Escolar. Esses eixos, segundo o site, têm como objetivo contribuir para a construção de...

Traços

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Traço rotas pelo teu corpo São cheiros/toques/murmúrios Tua caneta me penetra Com certeira precisão Nas páginas abertas do meu sentir Juntos, escrevemos risos Suamos e aguamos desejos Letras vivas de histórias Memórias concretas de futuros Inenarráveis Somos renovados e o amor Se instala posseiro e passeante Numa brincadeira desbragada De delírios e embates amorosos Fecho o livro que escrevemos juntos Tua caneta e minhas páginas Se tornam promessas de mais fazer

Habitar o tempo de outra forma

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  A velha técnica pegar um livro ao acaso e abrir uma página. Ler a frase onde o olho cair. O livro: Medo de Voar de Erica Jong A frase: Era preciso pensar com amplidão de decênios, e não de anos. Toda frase tirada do seu contexto, acaba por ter seu sentido alterado do original. De um personagem que ampliava sua expertise em algo para a zona cinzenta da filosofia. Amplidão de decênios e não de anos. Isso traz uma dimensão de tempo completamente mais ampla e menos focada na estreiteza do foco no umbigo. E no imediato. Pensar com olhar de cima para a vida e nossas ações nos leva para outra maneira de encarar a vida. Pedi ao Chat GPT que continuasse porque meu cérebro cansado de vários textos e pelo calor reinante, precisava de inspiração. Vejamos o que deu: “Pensar com amplidão de decênios e não de anos é um convite a enxergar a vida como um fluxo mais extenso, onde os momentos individuais são apenas pontos em um tecido maior. Se nos prendemos ao imediato, ao ciclo curto das coisas, ...

Conversa fiada

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Tinha nove dedos de prosa para gastar no balcão. Usou seis que era econômica desde menina Guardou três de precavida porque nunca se sabe Vai que precise Calou vinte horas angustiadas A cada domingo Mil e quinhentos domingos sonolentos e sofridos Fora dos anos bissextos Gritou sete minutos contados Alguns calados Mas estes nem contavam O bom eram os gritos de selva Rugidos de fera Gravados com raiva uterina Mirou vinte e nove olhares sábados Molhou e aguou enchentes de prazer Urrou gozos milenares Deusa perdida que sempre se soube achar

Poeira de lembranças

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O calor me mata. Não gosto dos extremos. Meu mundo se encanta com as harmonias. Calo de arquiteta? Talvez tenha sido refinado, mas minhas memórias me lembram que sempre fui uma pessoa observadora e crítica dos excessos. Saber conciliar os saberes internos com as expectativas externas é um dos meus desafios nesta vida. Meu espírito parece um pêndulo oscilando entre emoção e razão. Pobre coração... Tão carente de emoção... Tão escravo da razão Minhocas a parte, estamos no décimo dia do segundo mês do calendário gregoriano. A Terra continua girando nos céus em viagem à uma constelação que nem lembro nome, nem tenho certeza que é uma constelação. Já não tenho certeza de nada. Observo. No meio de um universo em expansão, uma minúscula poeira cósmica, eu e meus neurônios ainda nos vemos como o centro de um mundo que está pouco se lixando para a existência humana. Um dia vou morrer. Nós todos. Somos finitos assim como a poeira cósmica onde vivemos. Tudo é finito dentro da infinitude. Conversa...

vi amor nas nuvens

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Acordei cansaços como sempre sói acontecer em dias quentes. O verão me cansa em sua vivacidade e falta de vergonhas em se expandir. Somos suores, cabelos molhados, bufadas e desejos de água. Muita água. Acordei melaços de saudades ímpares. Medos confusos. Ansiedades prementes.  Acordei velha e cheia de rugas, misturadas ao frescor de poder enfim enfrentar o mundo de peito aberto e cara lavada.  E vi amor nas nuvens. O amor que tanto se escondia nos medos bobos da guria que se escondia em rimas pobres e receios absurdos. O amor que enfim não dependia de mais nada porque vicejava de dentro. Me descobria. --------- Em tempos de apocalipses anunciadas e retrocessos cambiantes, busco na essência o que a inteligência artificial não pode me dar: minha humanidade. Meu olhar curioso sobre um mundo mutante. Vivo em busca de quimeras. Reino em pradarias  verdejantes e inexistentes em um tempo real. Ansiando por respostas que talvez nunca venham porque a indagação move passos. Busco ...