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Manifesto pela Ética do Cuidado Intergeracional

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  “Encontrar o possível dentro do impossível”  Sonho Manifesto – Sidarta Ribeiro Leio um novo manifesto utopista, como já li tantos outros em minha vida. Vibro igualmente com eles, relembrando que não estamos sós em sonhar tempos de união e generosidade. Sempre entendi o ato de amar (que é uma bússola como define o mesmo livro) extremamente revolucionário. Tanto que as pessoas que advogam sua implantação entre os seres, acabam mortas de forma violenta. O ódio não tolera o amor porque este lhe é superior, já dizia a música Língua em outro sentido "E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior?" O Cuidado Como Atitude Revolucionária "O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado.  Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.  Portanto, abrange mais que um momento de atenção.  Representa uma atitude de ocupação, preocupação,  de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro."...

O peso dos olhos que se desviam

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    "Vivemos submersos no fundo de um oceano de ar" Evangelista Torricelli “Eu era olhada quando jovem. Hoje, mais velha, sou ignorada. “ Ouço isso e penso: o olhar que se desvia talvez seja mais violento do que o que julga. Porque o julgamento, ao menos, reconhece existência. A indiferença nos torna fantasmas antes da hora. Estamos em uma roda de conversas sobre o filme norueguês Sex ( da trilogia Sex, Love, Dreams ). Pessoas de classe média em uma casa de cultura. Pessoas privilegiadas por terem acesso à cultura em um país onde tantos carecem de comida e abrigo. Duas pessoas tinham morrido de frio porque dormiam na rua em uma semana particularmente fria. Faz frio neste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Nem sempre. No filme Sex um dos personagens narra algo que lhe marcou e lhe fez agir de forma inusitada. Ele fala sobre a maneira como outro personagem tinha interagido com ele, o olhar que o tinha marcado tanto: “Nunca me senti olhado daquela maneira” ...

Três Marias – Destinos Desiguais, Fardo Comum

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  Maria, Maria, é um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta 1 Década de 1960 Em uma casa humilde, no interior do Brasil, nasce Maria dos Milagres. A primeira filha de muitos. Cresce em casa de barro, com muitos irmãos em escadinha e pouca comida. Aprende a cuidar dos menores e da casa ainda criança. Escola? Só até o 2º ano. Foi quando uma patroa de sua tia acenou com estudo na capital e lá se foi ela, cheia de esperanças. Perdeu-as no trabalho diário entre louças e mais crianças para cuidar. Os filhos da patroa. Em uma maternidade, nasce Maria de Fátima. Filha de um bancário e de uma professora, mora num bairro de classe média. Tem acesso a livros, brinquedos e estuda em colégio público de referência. Gosta de matemática e piano. Sonha com um futuro melhor enquanto brinca de casinha com bonecas e ajuda a mãe nas tarefas da casa. Em um bairro rico de uma capital, nasce Maria Antonieta. Tem um sobrenom...

De Woodstock ao WhatsApp da família: onde foram parar os rebeldes com mais de 30?

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  “Não confie em ninguém com mais de 30.” Frase curta, direta, quase um refrão. Imortalizada pela contracultura dos anos 60 e 70, ela ecoava nas rodas de violão, nas passeatas, nos pôsteres psicodélicos e nas faixas de protesto. Originalmente dita pelo ativista Jack Weinberg em 1964, durante o Free Speech Movement em Berkeley, a máxima expressava a desconfiança dos jovens em relação à geração mais velha, vista como cúmplice do poder, do conservadorismo e da opressão. A frase foi rapidamente adotada pelos movimentos de contra cultura mundo afora e, no Brasil, virou verso irônico e provocador na música Com Mais de 30 , de Marcos e Paulo Sérgio Valle. Uma canção que zombava da autoridade, ironizava os valores tradicionais e escancarava a vontade de autonomia, autenticidade e liberdade da juventude. Criticava não só os mais velhos, mas também a alienação urbana, a caretice institucional, o tédio existencial. Era um convite à invenção de novos caminhos, longe das fórmulas prontas. Mas...

Crônica sobre o Diálogo Entre Gerações

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Era um sábado qualquer quando a família se reuniu para um festival de música. Tanto podia ser no Rock in Rio como em um outro qualquer que vemos pelo país. O cenário era uma loucura: palcos gigantes, gente eufórica, e um som tão alto que fazia o coração bater no ritmo da música. Ana, uma jovem de 20 anos, estava em seu paraíso pessoal. Fones de ouvido, os dedos voando no celular, compartilhando stories no seu Instagram daily, pensando em possíveis vídeos para o Tik Tok e vibrando com o set de uma DJ eletrônica. Para ela, aquilo era "hype". Já seu pai, Pedro, de 55 anos, de calças e camiseta preta do IRA, olhava em volta e só conseguia pensar: "Esses jovens, hein? Onde foi parar o bom e velho rock'n'roll?" Ao lado deles estava Maria, uma mulher vibrante, roupas indianas e cabelos brancos bem tratados, a avó de 73 anos. Ela balançava a cabeça lentamente, lembrando de quando assistiu a Janis Joplin no Monterey Pop Festival. Era o auge de sua juventude. "Ah...