Crônica sobre o Diálogo Entre Gerações
Ao lado deles estava Maria, uma mulher vibrante, roupas indianas e cabelos brancos bem tratados, a avó de 73 anos. Ela balançava a cabeça lentamente, lembrando de quando assistiu a Janis Joplin no Monterey Pop Festival. Era o auge de sua juventude. "Ah, Janis... isso sim era música!", pensava, sem entender muito bem por que alguém chamaria um DJ de "hype".
- "Essa DJ tá lacrando ! É o set do ano, sério!", exclamou Ana, os olhos brilhando. Pedro soltou uma risada e respondeu:
-"Lacrando? Na minha época, a banda detonava!"
Ana revirou os olhos.
-"Ai, pai, detonava? Que cringe!"
Maria, sempre sábia, entrou na conversa com uma risadinha:
-"Na minha época, a gente falava que a banda estava arrasando, meu bem. O tempo passa, mas a música fica."
Na verdade, os três estavam envolvidos em uma das cenas mais universais da vida: o choque de gerações. Não era só sobre música. Não era só sobre as gírias que cada um usava. Era sobre como cada um via o mundo através de suas próprias lentes, moldadas pelas décadas em que cresceram.
Pedro tomou um gole da cerveja e resolveu dar um passo adiante:
-"Mas e aí, Ana, você acha que essa tal de música eletrônica pode ser chamada de rock?"
Ana, claramente ofendida pela pergunta, respondeu:
-"Pai, é tudo, é outra vibe! Guitarra e bateria são tão 2010, né?"
Pedro quase engasgou.
- "2010? Isso não é rock de verdade. Na minha época, rock era Stones, guitarra, bateria, vocal potente. Essa música eletrônica é... barulhenta demais."
Maria, que até então só observava a discussão, soltou uma gargalhada:
-"Barulhenta? Ah, meu filho, tente ouvir o Jimi Hendrix ao vivo, aí você vai saber o que é barulho! Mas, confesso, essa música eletrônica também não é para mim."
Ana olhou para os dois, rindo.
-"Vocês são tão cringe! Mas sério, é hype. Vocês deviam se atualizar!"
Pedro balançou a cabeça, divertido:
-"Hype, essa palavra já tá fora de moda! A moda agora deve ser outra que ainda nem conheço."
Maria, sem entender nada, virou para a neta:
-"E o que é esse tal de hype?"
Ana riu.
-"Ai, vó, você é incrível! Hype é tipo... algo muito popular, sabe? Tá bombando, tá na boca do povo."
Maria piscou os olhos, tentando absorver a explicação.
-"Ah, entendi. Então é mais ou menos como a moda do twist nos anos 60?"
Pedro e Ana se entreolharam. E naquele momento, perceberam que a avó, mesmo sem saber o que era "hype", já tinha vivido várias versões disso. Assim como Pedro, que achava que nada seria melhor que os Rolling Stones, já tinha vivido sua própria revolução musical. E Ana, com suas gírias e DJs, estava apenas vivendo a sua. No fundo, eles estavam todos no mesmo barco, só que cada um com seu próprio glossário.
A grande verdade é que cada geração carrega suas gírias, suas músicas, suas referências culturais como um crachá de identidade. Mas será que é mesmo preciso um glossário intergeracional? Talvez não seja. Talvez, o que a gente precise mesmo é de paciência para ouvir, e de vontade de entender o que o outro tem a dizer — seja com "arrasando", "detonando" ou "mandando ver". Porque, no fim das contas, o que realmente une as gerações não é a linguagem. É a música, a história, e, acima de tudo, as risadas que vêm quando percebemos que, apesar das palavras diferentes, estamos todos falando a mesma coisa.
E aí, quem sabe um dia, num futuro não tão distante, Ana possa explicar para os filhos dela o que era "hype", e eles vão rir, assim como Pedro riu naquele festival. E assim, a roda da vida continua girando, com cada geração criando seu próprio glossário, enquanto tenta entender — e ser entendida — pelas que vieram antes e pelas que virão depois.
Enquanto não temos esse dialogo tão afinado, que tal fazermos uma tentativa de entender o que cada geração quer dizer com cada termo? Confesso que pedi uma ajuda à IA para tentar montar este Glossário Intergeracional. Sujeito a correções, adendos, sugestões e malhações.
Baby Boomers: (de 1945 a metade da década de 60) Valorizavam o casamento e relacionamentos duradouros. A linguagem era mais formal e tradicional. Lineares para o aprendizado, com início, meio e fim.
Geração X: (fim da década de 60 até 1980): Mais individualistas, buscavam parcerias e relacionamentos mais equitativos. A linguagem se tornou mais informal. Valoriza aprendizagem colaborativa.
Millennials: (1981 a 1995) Valorizam experiências e autenticidade. A linguagem se tornou mais casual e inclusiva, com termos como "relacionamento tóxico" e "ghosting". Aprendizado de forma linear, valorizam a independência.
Geração Z: (1995 a 2010) Nascidos na era digital, usam a linguagem de forma criativa e adaptável às novas tecnologias. Termos como "shippar" e "ghosting" se popularizaram. Raciocinio não linear e multifocal. Autodidatas e lógicos.
Legal
- Baby Boomers: Bacana
- Geração X: Maneiro
-Millennials: Show/Da hora
- Geração Z: Top/ Tudo
Estou me divertindo
- Baby Boomers: Estou me esbaldando
- Geração X: Tô curtindo pra caramba
- Millennials: Tô de boa
-Geração Z: Tô na vibe
Incrível
- Baby Boomers - Supimpa
-Geração X: Anima
-Millennials: Sensacional
-Geração Z: Absurdo
Paquerar
-Baby Boomers: Cortejar
-Geração X: Ficar
-Millennials: Dar em cima
-Geração Z: Dar um match
Decepcionado
-Baby Boomers: Chateado
-Geração X: Puto
-Millennials: Bolado
-Geração Z: Deu ruim / Na bad
Fora de moda
-Baby Boomers: Passado
-Geração X: Cafona
-Millennials: Brega
-Geração Z: Cringe
Terminar um relacionamento
-Baby Boomers: Dar um fora
-Geração X: Acabar tudo
-Millennials: Dar um pé na bunda
-Geração Z: Ghostear / Dar um block
Amigo
- Baby Boomers: Camarada
-Geração X: Parça
-Millennials: Brother / Mano
-Geração Z: Contatinho
Muito cansado
-Baby Boomers: Exausto
-Geração X: Deu PT
-Millennials: Quebrado / Morto
- Geração Z: Acabado / Destruído
Algo popular
-Baby Boomers: Na moda
- Geração X: Estourado
-Millennials: Bombando
-Geração Z: Viral / Trend / Hypado
Algo muito bom
-Baby Boomers: Formidável
-Geração X: Show de bola
-Millennials: Massa
-Geração Z: Insano
Concordar
-Baby Boomers: Concordo plenamente
-Geração X: Fechou
-Millennials: Tamo junto
-Geração Z: Faz total sentido / Real
Comentários
Postar um comentário