Não há mais reposiçao

"Não há mais reposição." Ouço esse comentário enquanto corto o cabelo. O espaço, hoje uma barbearia de franquia, já foi loja de móveis, já foi farmácia de manipulação. No burburinho dos ciclos econômicos e sociais que atravessam os bairros da minha cidade, Porto Alegre, assisto a uma sucessão de trocas, de portas que se abrem e se fecham com velocidade cada vez maior. A reposição comentada era sobre o fechamento de uma lancheira na mesma avenida. Soube que o dono, aquele senhor de cabelos brancos sempre à porta, que eu cumprimentava ao cruzar a esquina da Santo Antônio com a Independência, morreu. Nunca soube seu nome, embora o visse desde sempre. E o "desde sempre" aqui remonta aos anos 80. Soube que foi assaltado e brutalmente espancado. Pensei na violência que assombra a região, que assusta empresários, apressa os passos dos transeuntes. Inclusive os meus Morar perto da Avenida Independência é como viver entre fantasmas elegantes e ecos de risadas noturnas. Nos...