Fui ver a Lua


A Lua me fascina, eu que sou solar desde sempre. A ambiguidade entre a escuridão envolvente me carrega de viagens ao mistério.

A poesia me envolve. Não é minha praia mais confortável, mas é nela que me encontro nos momentos mais intensos e é ela que me recarrega de energias de vida.

A Eliana Ada me conquistou desde muito. Amiga dos tempos dos encontros de gateiras nos fotologs da vida, é dessas pessoas que ainda não conheço pessoalmente, mas que me mandou cartões a mão em plena era digital. É intensa e poeta. Militante e artesã. Amante dos animais e lutadora pelas causas sociais.

Ambas amantes da lua.

Nesse seu livro de poesias, encontro a vida através da Lua. São poemas de garra, são reflexões cotidianas, são pulsões de vida regidas pela dama prateada das noites e dias em que vivemos nossas vidas neste planeta terceiro que gira ao redor do sol. 

    Poesia para mim tem momento e ritual. Não é leitura de todo dia. E a cada vez que a leio, sinto de um jeito diferente. Tipo a Lua. Sempre no céu, sempre diferente e fascinante. A Lua e nós, mulheres, temos um quê de cumplicidade. Uma força que não se explica com razão, uma busca de sentidos e vazões que nos leva a buscar e a lutar por uma vida mais intensa e generosa. Para nós e para os outros. 

Já se disse que deveríamos reservar uma hora do dia para ler uma poesia. Hábito diário. Talvez seja realmente uma forma sublime de resistência e sobrevivência. Então, fui ali ver a Lua com a Ada... 


"Chove 
chove água na atmosfera, 
E onde não tem gravidade 
Chove meteoros 
Esse monte de estrelas chove 
Chove luz de Lua pelos poros 
Chove 
Chove escuridão também 
Chove tiros de canhão 
Chove choro de criança síria 
Só falta chover amém 
Chove bomba em Paris 
Chove lama tóxica em Minas 
Chove lamento de pescador 
Chove tartaruga por um triz 
Chove tristeza e dor 
Chicungunha e zika chove 
Chove chaga da corrupção 
É muito choro num tempo só 
Chove indignação 
Só não chove na Lua 
Que chove no meu coração. 


Eliana Ada Gasperini

Comentários

  1. Sou Grata, Elenara, por ter encontrado afinidades mesmo tão longe uma da outra ... coisas raras .. Com certeza a Lua é uma delas e que nos aproxima....você pode receber a luz benta daí e eu daqui ! Viva a lua!

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    1. querida, que a luz benta nos traga mais consolo nesses dias tão turbulentos onde a poesia é remédio e bálsamo para a alma. Beijos

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