Tic Tac que não para

porra de vida, pensou baixo
seu tempo se esgotando
a vida se ajeitando
a família já vivendo a expectativa do não ter
não mais eu
a vida é uma grande merda, na verdade
tenho vida
meu sangue ainda corre
nas veias cheias da quimio
meu cérebro ainda pensa
no meio do tumor que o corrói
o tic tac maligno
canceroso
implacável
vai me tornando algo tão diferente do que sou
minha alma ainda a mesma
tento dizer aos que amo
vejo nos seus olhares
medo
pena
o choque da imprevisibilidade
Todos temos data de validade
porque a minha tão cedo?
tantos sonhos
tanto amor
tanta esperança
tudo adiado para sempre
porra
mil vezes porra
melhor cerrar os olhos
não pensar
voltar
Para onde afinal?
Descartável o que sou
um corpo que não reconhecem
uma agilidade que falta
um outra eu
a mesma eu
maldito relógio!



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