Falando em Princesas
Falei esses dias que não me via como uma criança fantasiada de princesa Disney emponderada. E acabei me lembrando que, apesar disso, o mito da alteza era sim bem forte em minha infância.
Começou, talvez, com minha irmã e prima me vestindo como sua boneca viva quando eu tinha uns três anos. Com um imenso cone de cartolina de onde saía um imenso véu cor de rosa, feito do mosquiteiro do meu berço, eu me sentia como em um conto de fadas real.
Ao invés das histórias de hoje, meus dias e ouvidos, eram abastecidos pelas histórias de Andersen. A Princesa e a Ervilha um de meus prediletos. A princesa que chega a noite em um imenso castelo, encontra a Rainha Mãe que quer se certificar de que o rebento encontrará uma verdadeira Princesa de sangue azul, e esconde a maldita da ervilha embaixo de vinte colchões de pena. Até hoje eu fico a procura dos grãos, mesmo quando tudo parece acontecer às mil maravilhas. Encontro pouso seguro em um castelo de sonhos? Tem que ter alguma pegadinha! Já sei! O grão de ervilha!
Outro conto que eu li como livro foi a Rainha da Neve. A história que gerou o Frozen e tem quem diga que há até a versão da Helga, Olga, sei lá o nome da moça na nova versão (Elsa, fui pesquisar), lésbica dando um beijo gay na Aurora, aquela que dormia cem anos, quando a roca era mais eficaz que os dormonids da vida. Bem que invejo o sono da bela adormecida, porque faz um tempão que não tenho uma dormida dessas de esquecer do mundo. E se tivesse, aí do príncipe ou princesa que ousasse me acordar. Pois no conto de Andersen, a menina Gerda tinha uma amiguinho chamado Kay que teve os olhos e o coração atingidos por estilhaços do espelho da Rainha da Neve e partiu, deixando a pobre Gerda sozinha. Ela não apenas fugiu de casa, como correu léguas, enfrentou o pão que o diabo amassou, tudo isso no frio da Lapônia, para achar o amigo que estava se refestelando no castelo da bela Rainha da Neve. No final ela consegue descongelar o tal feitiço e volta com o Kay. Espero que tenham sido felizes para sempre, mas em matéria de empoderamento, essa Gerda era fodona. Enfrentava o mundo sozinha, não esmorecia e alcançava o seu objetivo. Era minha heroína, sem dúvida. E plebeia.
Tinha ainda uma outra princesa que ficava presa esperando que alguém a salvasse. Uma história tristíssima! Dessa não lembro nem o nome, só lembro que usava um penteado de tranças que se enrolavam ao redor das orelhas. E com um feitiço de uma bruxa, ela virava ovelha. Li essa história em uma biblioteca do trabalho de meu pai. Aquilo me impressionou deveras e a cada vez que minha irmã queria fazer um penteado semelhante, eu chorava e batia pé. Tinha medo de me transformar em um caprino e passar o resto da vida gritando mé, mé, mé....
E tinha ainda a "Dilliki Dolliki Dinah, Linda princesa menina, Formosa como as manhãs, Do mês de maio na China". Era chinesa, de um livro chamado O Mundo da Criança e a magia era que minha mãe sabia o poema de cor e sempre o recitava para mim. Debaixo das palavras bonitas tinham uma história de rapto e terror, mas que acabava com um final feliz da linda princesa menina sendo meiguinha e querida. Como eu era.
E para não dizer que não houve uma princesa Disney, foi Branca de Neve meu primeiro filme em tela grande. Em casa tinha livros e coleções mágicas. Tinha até discos de vinil com historinhas e as sabia de cor. Mas um dia, minha irmã me levou para o cinema. Um desenho. Magnífico, feito a mão, completamente encantador com canções dos anõezinhos que lembro até hoje. Estava fascinada até surgir a cena aterrorizante da Bruxa Má, com relâmpagos e sustos! Tantos que chorei, devo ter feito uma cena porque minha irmã teve que me levar para casa, saindo no meio do filme. Ficou uma fera comigo. Mas menos fera que a Bruxa feia que tinha começado o filme como a madrasta má e bela. Bem que minha mãe avisava que, se morresse antes do pai, não o deixasse casar de novo, porque madrastas são más. Exatamente como Disney me mostrava no seu filme.
Os mitos, as histórias de contos de fadas...muito mais tarde vim a saber que eles fazem parte de um processo de elaboração de sonhos e desejos internos, misturados às lições de vida, recolhidas das tradições orais. Não é minha área e não vou tecer teorias a respeito das funções terapêuticas dos conto e mitos. Só falo no que despertaram em mim, minhas princesas que me acompanharam pela infância e que, de certa forma, ajudaram a me transformar na mulher que hoje sou.
Começou, talvez, com minha irmã e prima me vestindo como sua boneca viva quando eu tinha uns três anos. Com um imenso cone de cartolina de onde saía um imenso véu cor de rosa, feito do mosquiteiro do meu berço, eu me sentia como em um conto de fadas real.
Ao invés das histórias de hoje, meus dias e ouvidos, eram abastecidos pelas histórias de Andersen. A Princesa e a Ervilha um de meus prediletos. A princesa que chega a noite em um imenso castelo, encontra a Rainha Mãe que quer se certificar de que o rebento encontrará uma verdadeira Princesa de sangue azul, e esconde a maldita da ervilha embaixo de vinte colchões de pena. Até hoje eu fico a procura dos grãos, mesmo quando tudo parece acontecer às mil maravilhas. Encontro pouso seguro em um castelo de sonhos? Tem que ter alguma pegadinha! Já sei! O grão de ervilha!
Outro conto que eu li como livro foi a Rainha da Neve. A história que gerou o Frozen e tem quem diga que há até a versão da Helga, Olga, sei lá o nome da moça na nova versão (Elsa, fui pesquisar), lésbica dando um beijo gay na Aurora, aquela que dormia cem anos, quando a roca era mais eficaz que os dormonids da vida. Bem que invejo o sono da bela adormecida, porque faz um tempão que não tenho uma dormida dessas de esquecer do mundo. E se tivesse, aí do príncipe ou princesa que ousasse me acordar. Pois no conto de Andersen, a menina Gerda tinha uma amiguinho chamado Kay que teve os olhos e o coração atingidos por estilhaços do espelho da Rainha da Neve e partiu, deixando a pobre Gerda sozinha. Ela não apenas fugiu de casa, como correu léguas, enfrentou o pão que o diabo amassou, tudo isso no frio da Lapônia, para achar o amigo que estava se refestelando no castelo da bela Rainha da Neve. No final ela consegue descongelar o tal feitiço e volta com o Kay. Espero que tenham sido felizes para sempre, mas em matéria de empoderamento, essa Gerda era fodona. Enfrentava o mundo sozinha, não esmorecia e alcançava o seu objetivo. Era minha heroína, sem dúvida. E plebeia.
Tinha ainda uma outra princesa que ficava presa esperando que alguém a salvasse. Uma história tristíssima! Dessa não lembro nem o nome, só lembro que usava um penteado de tranças que se enrolavam ao redor das orelhas. E com um feitiço de uma bruxa, ela virava ovelha. Li essa história em uma biblioteca do trabalho de meu pai. Aquilo me impressionou deveras e a cada vez que minha irmã queria fazer um penteado semelhante, eu chorava e batia pé. Tinha medo de me transformar em um caprino e passar o resto da vida gritando mé, mé, mé....
E tinha ainda a "Dilliki Dolliki Dinah, Linda princesa menina, Formosa como as manhãs, Do mês de maio na China". Era chinesa, de um livro chamado O Mundo da Criança e a magia era que minha mãe sabia o poema de cor e sempre o recitava para mim. Debaixo das palavras bonitas tinham uma história de rapto e terror, mas que acabava com um final feliz da linda princesa menina sendo meiguinha e querida. Como eu era.
E para não dizer que não houve uma princesa Disney, foi Branca de Neve meu primeiro filme em tela grande. Em casa tinha livros e coleções mágicas. Tinha até discos de vinil com historinhas e as sabia de cor. Mas um dia, minha irmã me levou para o cinema. Um desenho. Magnífico, feito a mão, completamente encantador com canções dos anõezinhos que lembro até hoje. Estava fascinada até surgir a cena aterrorizante da Bruxa Má, com relâmpagos e sustos! Tantos que chorei, devo ter feito uma cena porque minha irmã teve que me levar para casa, saindo no meio do filme. Ficou uma fera comigo. Mas menos fera que a Bruxa feia que tinha começado o filme como a madrasta má e bela. Bem que minha mãe avisava que, se morresse antes do pai, não o deixasse casar de novo, porque madrastas são más. Exatamente como Disney me mostrava no seu filme.
Os mitos, as histórias de contos de fadas...muito mais tarde vim a saber que eles fazem parte de um processo de elaboração de sonhos e desejos internos, misturados às lições de vida, recolhidas das tradições orais. Não é minha área e não vou tecer teorias a respeito das funções terapêuticas dos conto e mitos. Só falo no que despertaram em mim, minhas princesas que me acompanharam pela infância e que, de certa forma, ajudaram a me transformar na mulher que hoje sou.
HISTORIAS...podem ensinar,corrigir erros,iluminar o coração,oferecer um abrigo psicológico,promover mudanças e curar feridas..Clarissa Pinkola Estés
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