Entre sonhos, amigos e palhaços


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Acordo no meio da noite tentando escrever poesia. Não lembro mais as palavras, não eram boas rimas. Eu tentando, meio lúcida, meio sonolenta, arrumar os versos em algo que fosse bonito. Ou que fizesse sentido. Tinha uma coisa de rotas puídas. Acho. Seriam os tais sonhos lúcidos? (Obrigada Dione por estar no meu sonho e Lindevania pela lucidez onírica).  

No meio de tudo o que me proponho a retomar em um novo rumo de vida, há espaço para leitura de palhaço. Vida de palhaça. Lembro da época de estudante e do dito de uma amiga sobre as pessoas especiais: Tu é Pá! Pá de Palhaça. Essa gente que sabe fazer rir, mesmo com coração despedaçado. (Obrigada Teca, pela inspiração)

Encontrei muitos Pás pela vida. Todos gostavam de poesia. Mesmo que não soubessem.

Sinto falta dessa alegria ingênua dos palhaços de saber trazer a sua música de dentro para expressa-la pelos gestos, pelos olhos, pela boca que engasga um sorriso e pelos pés que tremulam passos que vão nos fazer mais leves. (Obrigada Fred pela biografia da Gabriella, a palhaça Du'Porto)

Ouço Chico César e que Deus me Proteja em música, sentimento, força e energia para olhar cada dia como se fosse o renascimento do mundo. Que Deus me proteja do meu sectarismo e da crítica interna que, por vezes, se torna pesada. 

Caminho equilibrista entre o sonho e o pão. Entre o olhar que analisa e a alma que toca o infinito. Que a magia prevaleça em mim, de mim, para mim. (Obrigada Pai e Mãe pelo ensinamento do brilho no olhar cheio de leveza e seriedade).

Tento levantar todas as energias há muito exauridas para relembrar que a vida segue, que há um tempo para tudo e para todos. Até para nós. Até para quem amamos. Entre caminhadas, pedaladas e água, lembro que é o sol que me nutre, que há razões para tudo. E se não houver, a gente acha.

Entendo que há que seguir o coração, que quando diz não, pare-se. Mas quando diz sim, corra-se. E haja música, suspiros e sintonia para catar os sentidos que se encontram dispersos.

Olho a janela como todo dia. Sempre uma nova paisagem. Sempre novas possibilidades. Sempre novas coragens, tiradas sabe-se lá de onde.

Penso que deve haver um repositório de energias de onde buscamos as forças que nem sabemos ter. Meu pai falava de um repositório de almas para tentar entender como seria a reencarnação. Filósofo e estudioso analítico, sei a quem puxei na minha descrença cheia de fé.  

O mundo se descortina. O sucesso nem sempre está no que é apontado como tal. Bebo um gole de água. Mais outro que a sede é imensa. Tento lembrar da poesia do sonho. Eram frases sobre noites tristes, mas escuto o Chico (o Buarque) e sei que as rimas dele são infinitamente melhores, então esqueço das necessidades que a rima vem na hora que precisa. E se não vier, muito que bem, que o sorriso prevaleça.

Suspiro porque os dedos correm nas teclas e escrever é bom. Viver é bom. Apesar de. 

Que haja enfim lucidez em algo. Em nós. Na música, na poesia, no conviver. Somos sementes de poeira cósmica perdidos em rotas mágicas, nem sempre aleatórias, tentando fazer sentido na construção do universo. Qual deles?

Em qual picadeiro será nossa estreia ? Qual nosso papel no circo da existência? Embora gostasse de ser chamada de Pá pela amiga, ainda me considero mais a equilibrista que parece voar com coragem, mas cheia de medo de cair ou de ter que enfrentar o público que se espreme na arquibancada. 

Que continue o espetáculo!   

    

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