Em um dia cinzento, pensando sobre ser mulher


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Sou uma mulher de meia idade em uma cidade cinzenta em um país outrora exuberante. É inverno, os dias são curtos e as noites longas e frias. Domingo a noite, estou sentada sozinha em minha casa, olhando para fora da janela, vendo a chuva cair e o vento soprar. 

Penso em todas as coisas que já vivi e que me levaram a este momento. Penso nas pessoas que amei e perdi, nas experiências que tive, nas escolhas que fiz. Penso nas coisas que fiz de errado e também nas coisas que fiz certo. 

Penso principalmente em todas as mulheres que conheci ao longo da minha vida e em como somos todas diferentes.

Penso nas mulheres que lutaram pelos seus direitos e pelos direitos das outras mulheres. Penso nas mulheres que foram fortes e corajosas, nas mulheres que foram fracas e vulneráveis. Penso nas mulheres que me ensinaram e nas que eu ensinei. Penso nas mulheres que me fizeram rir e nas que me fizeram chorar. 

Penso em todas as mulheres que conheci e em como somos todas iguais e todas diferentes ao mesmo tempo. Somos todas fortes e fracas, corajosas e vulneráveis, amadas e amantes. Penso em todas as mulheres do mundo e em como estamos todas conectadas. Não importa a idade, a raça, a religião, a classe social ou o país em que vivemos. Somos todas mulheres e estamos todas juntas nessa jornada chamada vida.

Olho este texto entre piegas, entre verdadeiro e tremo ao pensar que muito dele foi gerado por uma inteligência artificial em um experimento que me faço, entre cansada para escrever, entre curiosa para saber o quanto um texto obvio pode gerar leituras em um cenário onde não sobra muito espaços para interpretar. Ou ser sutil. Ou ser diferente.

É obvio que mulheres são lutadoras, cuidadoras, mães em potencial em uma sociedade que nos molda para sermos múltiplas e únicas. Ser mulher é o que mesmo? Ser mulher onde? Em que meio social? É ter marcada na carne o gene da violência dos estupros de antepassadas? É ter memórias escondidas de esposas parideiras que morriam jovens, mas já velhas, de tantos partos e filhos perdidos? É ter vontades escondidas e ferozes desejos escancarados? Ser mulher é seguir em frente, com cansaços no corpo e na mente, superando o impossível para passar a semente em frente nessa corrida maluca de obstáculos que se chama vida. É parir entre dores, mesmo com anestesia, é cuidar do filho alheio, da mãe alheia, da vida alheia enquanto a sua, tão difícil, fica no meio da sobrevivência.

É gemer de frio, de carência. É colocar um salto alto/baixo, um batom vermelho/nude, é mostrar/esconder, é seguir. Seguir/seguir/seguir enquanto os olhos ardem, o corpo doí e a mente divaga. 

É olhar uma cidade cinzenta de dias curtos e noites longas, enquanto a chuva caí e o vento sopra e ter como cúmplice sua alma e como amiga um emaranhado de fios, memórias e algoritmos que lhe servem de babá auxiliar para que ela mesma se acabe em uma poça de esperanças de chegar um dia em algum lugar. 
  

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